Opiniões Abril 2023

Quero Morrer, mas Também Quero Comer Tteokbokki – de Baek Sehee – Editora Guerra & Paz
Foi uma prenda de Páscoa mais que adequada, não com sabor a chocolate mas pode voltar a fazer-me ver a vida doce e bonita. Este livrinho é mais que um livro de autoajuda diferente. Aprendi mais sobre mim a ler a conversa desta paciente com a sua psiquiatra do que com a minha psiquiatra onde passei anos a ter sessões para só andar drogada e não resolver o que ainda me faz mal. A personagem principal e paciente sou eu, podia ser eu, parece que me estava a ler num diário e foi impossível não fazer uma enorme introspeção com esta leitura. Vou reler sem dúvida porque me ajudou mais do que alguma vez na vida me ajudaram e é um livro maravilhoso para quem sofre de depressão e ansiedade. Recomendo a sua leitura as vezes que forem necessárias até se sentirem melhores. E sim este livro é “apenas” a conversa duma paciente e a sua psiquiatra.
Quem nunca teve consultas de psiquiatria (ou não é psiquiatra) nem devia comentar a abordagem da psiquiatra porque claramente não sabem do que falam e mostram ignorância perante quem sofre desta doença TODOS OS DIAS e só queria ser ajudado. Ler este livro não faz ninguém entendido em saúde mental nem em literatura deste género. Opiniões são como os olhos cada um tem os seus mas um pouco de cuidado e sabedoria não fazia mal a ninguém. Trigger é ler Opiniões a relativizar e “falar mal” da abordagem desta psiquiatra à sua paciente. Deviam ter apanhado o que eu apanhei e iam ver o que era mau. Como “influencers” deviam ter mais cuidado sobre aquilo que falam ainda para mais quando vos cedem exemplares. Senão sabem ESTUDEM os assuntos antes de despejar informação nociva e pejorativa. Uma coisa é pensarem que iam ler uma coisa e afinal o livro é outra. Outra coisa é falarem daquilo que não sabem. Maturidade precisa-se. Para ontem. Obrigado.
Periferia – Catarina Costa – Editora Guerra & Paz
Como fã acérrima de Distopias não podia deixar passar esta sugestão que me apareceu no Goodreads, ainda para mais autora nacional. Não me desiludiu. Diferente do que já li anteriormente, tanto pela forma como o “Mundo” nos é apresentado pela autora, tanto pela forma como a mesma faz a narração do que vê, sente, quase palpável para quem lê, é uma também enorme lição de perseverança, de mais uma vez sentirmos “e se?” de termos tanta coisa por garantida quando a realidade podia e ainda pode ser tão diferente. Com o que passámos durante a Pandemia de Covid 19, deveríamos efetivamente ter ficado mais alertas que o mesmo poderá suceder-se com outras doenças ou ditadores loucos a qualquer momento, e que um dia poderemos mesmo ter uma “Periferia” a procurar e não conseguimos encontrar. Onde as desigualdades sociais vão ser ainda mais horríveis e cruéis. Vamos estar presos ao que nos mandam fazer, ao que nos impelem a acreditar. Por isso é que devemos viver um dia de cada vez como se fosse o último. Obrigado Catarina Costa pela leitura maravilhosa que me proporcionaste. Recomendo, lê-se rapidamente (apesar do inicio ser um pouco mais lento) e mais uma vez a qualidade dos autores nacionais é surpreendente.
Deste Silêncio em Mim – Rui Conceição Silva – Visgarolho
Eu nem sei bem por onde começar a escrever. Ou o que escrever. É uma leitura tão linda, tão meiga e tão dura ao mesmo tempo, tão terra a terra, tão tudo. Rodrigo o protagonista leva-nos numa maravilhosa narrativa da sua vida desde tenra idade, e ambicionando muito mais do que ser pastor numa Montanha isolada de tudo (tempos em que estudar era um luxo e desde tenra idade o destino era trabalhar para sobreviver) segue o caminho que passo a passo lhe vai sendo indicado tanto pelo avô , um sábio senhor conhecido como o Celtibero como por um misteriosos homem que encontrou na montanha a tocar um tambor de forma diferente. Como todas as crianças, cria laços na escola primária com um grupo de rapazes e vive aventuras mágicas e conhece uma rapariga que o encanta como mais nenhuma. Com apontamentos místicos e de seres ancestrais, de vida após a morte, da morte em si e da tragédia que o Ultramar trouxe a tantas famílias, sendo que Rodrigo perde o irmão mais velho para essa guerra (o meu pai e o meu tio dos quais sou cuidadora são ambos ex combatentes e voltaram vivos mas com histórias horríveis para contar e outras tantas que guardam só para eles), retirei desta narrativa que só sabemos aquilo que é realmente importante e nos faz feliz quando perdemos. E o Rodrigo, tanto quis sair da Montanha, mas na realidade a Montanha nunca saiu dele e a felicidade encontra-se onde nos sentimos em casa, onde nos sentimos em paz.
Rui Conceição Silva, OBRIGADO por esta história linda, mais uma vez a qualidade dos autores nacionais a destacar-se e queria mesmo muito que cada vez mais lhes dessem voz e o reconhecimento devido.
Segredos que só eu sei – Cupertino Freitas -Visgarolho
Mais uma obra vencedora aqui. Mais um deleite de leitura, uma lufada de ar fresco, uma brisa a cheirar a maresia. Esta obra aborda a temática de duas mulheres que se apaixonam na década de 50 no Brasil. Logo por aqui já sabemos que temos uma obra diferente, intensa e sobretudo uma homenagem a todas as mulheres que se amam e que finalmente já não têm que se esconder. Não era o caso em 1950. Ione a protagonista e narradora principal através duma fita-cassete gravada pela mesma, apaixona-se por Bernardete, mas enquanto Ione já tinha a certeza do que sentia e do que queria em adolescente, Bernardete ambicionava luxo, ambicionava a “normalidade” e rejeitou e abusou dos sentimentos de Ione, deixando-a magoada e com uma saudade enorme. Mais tarde adultas reencontram-se mas o ciclo mantém-se. Ione continua apaixonada, mas Bernardete agora casada e com um filho (a quem se destina a fita-cassete com todas as revelações sobre a sua mãe e o que parecia apenas uma amizade tóxica) ama Ione mas à maneira dela,como ela quer e acaba por destruir a felicidade de ambas por uma vida de aparências e tormento para ambas. Acredito infelizmente que ainda muita mulher terá medo de assumir que ama outra mulher, seja por convenções religiosas, seja por educação incutida, seja pelo ainda enorme preconceito por todos os não heterossexuais (como se amor ainda tivesse que ser motivo de preconceito em pleno século XXI) e acredito que a leitura desta obra ajude muito a dar aquele “empurrão” e coragem a quem necessita! Porque apesar de haver muita tristeza e mágoa e tragédia neste livro, também dá uma enorme “chapada na cara” de quem acha que tem o direito de magoar quem apenas quer amar. Senti-me bastante próxima da Ione, e o resto fica dentro do meu coração. O livro é escrito em Português do Brasil mas não existe dificuldade nenhuma na sua leitura e/ou interpretação.
A Ilha Sagrada – LJ Ross – Cultura Editora, Grupo Infinito Particular
Eu não vos disse que ia ler o primeiro após a opinião ao segundo volume desta série? Teve que ser! Eu tinha que contextualizar muita informação que nos é apenas transmitida neste livro apesar de se poder ler o segundo sem problema senão tivermos lido este.
Neste primeiro livro da série do inspetor-chefe Ryan, uma coleção com dezanove títulos e sete milhões de exemplares vendidos, o mesmo encontra-se em licença sabática a costa Noroeste de Inglaterra a recuperar duma situação muito tenebrosa que lhe aconteceu durante um caso e quis o destino que voltasse mais depressa do que queria ao trabalho quando uma jovem é encontrada morta nas ruínas do Mosteiro de Lindisfarne (que é um mosteiro real, com uma história bastante interessante, mas resumindo e fazendo quote a https://gov-civ-guarda.pt/lindisfarne-raid, “Invasão de Lindisfarne , Viking assalto em 793 na ilha de Lindisfarne (Ilha Sagrada) ao largo da costa do que é agora Northumberland . O mosteiro de Lindisfarne era o centro proeminente do cristianismo no reino da Nortúmbria. O evento causou tremores em toda a cristandade inglesa e marcou o início da Era Viking em Europa”) de forma a dar a entender que foi um qualquer sacrifício ritual. Como é um caso bastante especifico e com contornos macabros, a Dra. Anna Taylor regressa à Ilha Sagrada a sua terra Natal para ajudar a policia com a sua especialidade em períodos neolítico e mesolítico com conhecimentos especializados nas práticas religiosas durante essas épocas incluindo as variantes modernas e e é envolvida junto com o Inpector-Chefe Ryan numa investigação cheia de percalços mórbidos e fora do comum e estamos mais uma vez até ao fim sem saber ao certo quem, como e porquê tudo acontece, o que torna esta série de Thrillers muito boa, bem escrita e sem paragens na acção e sem qualquer dúvida vou seguir o resto assim que possível. Espero que continuem a ser editados em português, apesar de não existir propriamente uma barreira linguística da minha parte. Recomendo!!!
English: Didn’t I tell you that I was going to read the first after reviewing the second volume in this series? Had to! I had to contextualize a lot of information that is only revealed to us in this book, although you can read the second one without a problem if you haven’t read this one.
In this first book in the series by Chief Inspector Ryan, a collection with nineteen titles and seven million copies sold, Ryan is on sabbatical on the Northwest coast of England recovering from a very dark situation that happened to him during a case and with a twisted impulse of fate would he gets back to work faster than he wanted when a young woman is found dead in the ruins of Lindisfarne Monastery (which is a real monastery, with a very interesting history, but in short and quoting https://gov-civ- Guarda.pt/lindisfarne-raid, “Invasion of Lindisfarne, Viking assault in 793 on the island of Lindisfarne (Holy Isle) off the coast of what is now Northumberland. The monastery of Lindisfarne was the prominent center of Christianity in the kingdom of Northumbria. The event sent comotion through all of English Christendom and marked the beginning of the Viking Age in Europe”) in order to imply that it was some kind of ritual sacrifice. As it is a very specific case with macabre contours, Dr. Anna Taylor returns to her native hometown to assist the police with her expertise in Neolithic and Mesolithic periods with specialist knowledge of religious practices during those times including modern variants and is involved alongside Chief Inspector Ryan in an investigation full of morbid and unusual mishaps and we are once again until the end without knowing for sure who, how and why everything happens, which makes this series of Thrillers very good, well written and without stops in the action and without a doubt I will follow the rest as soon as possible. I hope they continue to be published in Portuguese, although there is not exactly a language barrier on my part. I recommend!!!
Intocável – Tahereh Mafi – TopSeller
Esta vai ser uma opinião bastante rápida até porque quando não gosto, não há muito por onde opinar sem entrar na liberdade de gostos alheia. Andei anos e anos para começar a ler esta série distópica e este ano ofereceram-me o primeiro livro em português (estive para comprar o Boxset em Inglês e ainda bem que não o fiz) e não gostei. Não gostei da personagem principal, não gostei da escrita da autora, não gostei sequer da história em si. E o que eu adoro Mundos em colapso e apocalipses e tudo o que daí advém. E fiquei triste, porque tinha algumas expetativas e na realidade não fui correspondida. Não é leitura para mim, e digo isto com toda a honestidade possível. Não vos consigo precisar o que falhou, mas acho a história demasiado “romântica” para este género literário e demasiado rápida a desenvolver e depois ficamos ali parados parece que a “empatar” e volta a ter um pouco de ação de novo mas a constante vitimização e dúvidas existenciais da protagonista julgo que foi o que me fez abandonar esta série após o primeiro livro.
English: This is going to be a very quick opinion because when I don’t like it, there’s not much to say without going into the freedom of literary tastes of others. It’s been years and years to start reading this dystopian series and this year I was offered the first book in Portuguese (I was about to buy the Boxset in English and I’m glad I didn’t) and I didn’t like it. I didn’t like the main character, I didn’t like the author’s writing, I didn’t even like the story itself. And what I love Collapsing worlds and apocalypses and everything that comes with it. And I was sad, because I had some expectations and in reality they were not met. It’s just not for me, and I must say honestly. I can’t tell you what went wrong, but I think the story is too “romantic” for this literary genre and too fast to develop and then we are left standing there, it seems to “stalling” and it has a bit of action again but the constant victimization and existential doubts of the protagonist I think that was what made me abandon this series after the first book.
Filha da Deusa da Lua – Sue Lynn Tan – Porto Editora
Belo, mágico, encantador, emocionante. Podia continuar mas quando uma obra é tão bem conseguida como esta tornam-se demasiados os adjetivos a utilizar. Este livro foi oferta da Porto Editora e acabei no final de Março após algum tempo ate conseguir começar a ler. Não há quase nada que não goste nesta belíssima história de Fantasia e Amor, ou não fosse eu também extremamente fã e conhecedora de cultura oriental e a autora conseguiu criar um Universo quase idílico (desde as descrições, aos rituais, ao ambiente) com uma protagonista forte, carismática, com um objetivo traçado desde o inicio da narrativa e que vai progredindo gradualmente e deixando-nos encantados e maravilhados com o que se pode ainda escrever e imaginar numa obra. Não vou colocar aqui a sinopse nem me alongar muito porque este é daqueles que vos digo para lerem com o coração aberto, sendo que o segundo volume desta série já saiu em Português, e será uma leitura futura com certeza. A capa da versão portuguesa é a mais bonita que já vi.
English: Beautiful, magical, enchanting, exciting. I could go on but when a work is well achieved as this one, the adjectives to use become too many. This book was a gift from Porto Editora and I finished it at the end of March after some time until I managed to start reading. There’s almost nothing I don’t like about this beautiful story of Fantasy and Love, or it wasn’t that I’m also an extremely fan and connoisseur of oriental culture and the author managed to create an almost idyllic Universe (from the descriptions, to the rituals, to the environment) with a protagonist strong, charismatic, with an objective traced from the beginning of the narrative and that gradually progresses and leaves us enchanted and amazed with what can still be written and imagined in a work. I’m not going to put the synopsis here or go on too long because this is one of those that I tell you to read with an open heart, since the second volume of this series has already been released in Portuguese, and will be a future reading for sure. The cover of the Portuguese version is the most beautiful I’ve ever seen.
Daisy Darker – Alice Feeney – Kobo Ereader
E eis que chega o meu favorito de Abril! Estreia absoluta com esta autora e o inicio das minhas leituras aleatórias no Kobo ereader (o melhor presente que me deram de sempre!) . E não me podia ter calhado livro tão perfeito, tão bom, tão mas tão bom como este! Primeiro a autora Alice Feeney é uma mestre da escrita e de conseguir manter a narrativa cheia de interesse e motivação até ao final. Entretanto enquanto vos escrevo esta opinião já li mais um e estou em progresso de outro desta autora e UAU a qualidade e consistência literária mantêm-se. Não há como não amar thrillers psicológicos em que estamos até quase ao epilogo sem saber quem é o culpado (ou culpados) do que acontece na história. E mesmo assim acabamos o livro com aquela cara de quem andou sem pista alguma até ao final e que afinal não era nada do que havíamos pensado que era. Daisy Darker é uma história cheia de drama familiar e de lições de vida que infelizmente os membros da família Darker vão aprender da pior forma na celebração do aniversário da matriarca da família. Forçados a ficar juntos até a maré vazar e poderem voltar a atravessar o areal onde a casa onde tudo acontece fica localizada, um a um vão morrendo e segredos do passado vão sendo revelados e a desconfiança, a insegurança e o medo prevalecem entre os membros da família que vão ficando. As horas passam e tudo o que parece não é, e as espetaculares reviravoltas que a autora nos proporciona são fundamentais para termos aqui o meu favorito de Abril e uma nova autora de eleição sem dúvida. Esta leitura foi feita na versão inglesa, sendo que ainda não há versão portuguesa desta obra lamentavelmente.
English Opinion: And here comes my April’s favourite! Absolute debut with this author and the beginning of my random readings on the Kobo ereader (the best gift I’ve ever been given!). And I couldn’t have found a book as perfect, as good, as good as this one! First, author Alice Feeney is a master of writing and manager to keep the narrative full of interest and motivation until the end. Meanwhile, as I write this opinion, I’ve already read another one and I’m in the process of writing another one by this author and WOW, the quality and literary consistency are maintained. There is no way not to love psychological thrillers in which we are up to almost the epilogue without knowing who is to blame (or to blame) for what happens in the story. And even so, we ended the book with that face of someone who read it all without a clue until the end and that, after all, it was nothing like we had thought it was. Daisy Darker is a story filled with family drama and life lessons that unfortunately the members of the Darker family will learn the hard way on the celebration of the family matriarch’s birthday. Forced to stay together until the tide goes out and they can go back across the beach where the house where everything happens is located, one by one they die and secrets from the past are revealed and distrust, insecurity and fear prevail among the members of the family who still alive. Hours pass and everything that seems is not, and the spectacular twists that the author gives us are fundamental to having here my favorite of April and a new author of choice without a doubt. This reading was done in the English version, and unfortunately there isn’t Portuguese version of this book.
Sinopse/Sinopsis: After years of avoiding each other, Daisy Darker’s entire family is assembling for Nana’s 80th birthday party in Nana’s crumbling gothic house on a tiny tidal island. Finally back together one last time, when the tide comes in, they will be cut off from the rest of the world for eight hours.
The family arrives, each of them harboring secrets. Then at the stroke of midnight, as a storm rages, Nana is found dead. And an hour later, the next family member follows…
Trapped on an island where someone is killing them one by one, the Darkers must reckon with their present mystery as well as their past secrets, before the tide comes in and all is revealed.
With a wicked wink to Agatha Christie’s And Then There Were None, Daisy Darker’s unforgettable twists will leave readers reeling.
Obrigado a quem ainda nos lê (que sei bem que é uma pessoa ou duas e não me importo, nunca importei) e não, não concordo NADA que as pessoas já não querem ler opiniões, só querem ver as capas dos livros, estética do livro e pouco mais. Não concordo com “ah já não se leem sinopses” (vocês que só compram livros porque alguém vos diz para comprar, sem nada a sustentar essa decisão precisam de repensar muita coisa na vida). E também não concordo com opiniões de quem não estuda temas importantes e trata tudo de forma leviana e desrespeituosa quando tinham o DEVER (como a grande maioria) parceiros de Editoras de respeitar aquilo que vos é oferecido e não, não é trabalho remunerado nem tem que ser, apesar de entender que algumas pessoas já acham que escrever critica literaria nas redes sociais é profissão. Portanto eu vou continuar a opinar o que leio, a ajudar potenciais leitores e sempre mas sempre a apoiar os autores nacionais. Mas é um hobby e será sempre um hobby.
Menos pessoal. Muito menos.
Opinião – Um Rasto de Perfume – Ana Paula Mateus – Visgarolho
Sinopse:
Um Rasto de Perfume é um romance de personagem, em que a Mulher ocupa o lugar central, numa abordagem penetrante, capaz de deixar a nu as fragilidades do ser humano, nas suas mais enviesadas contradições. Todas as mulheres tendem a ser a mesma mulher, quando o infortúnio as escolhe.
O espaço onde decorre a ação é um prédio denominado “Prédio das Flores”, ameaçado de demolição. Os moradores, a pouco e pouco, vão partindo, ficando apenas cinco mulheres, subtilmente batizadas com nomes de flores. O Feminino que as irmana parece estar na origem da sua desventura, independentemente de berços, competências, estatutos sociais, habilitações literárias, ideologias ou crenças. É na pluralidade, no diverso com que caracteriza as personagens, que Ana Paula Mateus faz convergir a narrativa para um ponto fulcral: o sofrimento como apanágio da mulher, num mundo governado por homens. Se, no final do romance, elas saem vencedoras ou vencidas, fica em aberto a questão, sujeita à sensibilidade do leitor.
Um romance para ler com uma flor numa mão e, na outra, se não uma espada, pelo menos um escudo.
Opinião:
Existem histórias que por si só não significam nada. Outras que por si só significam tudo. E existe “Um Rasto de Perfume” que une vidas e as suas histórias de forma dura, penetrante, viciante e quase dolorosa para quem lê. Mas não histórias quaisquer… de mulheres. Podia ser apenas de uma mulher, o sofrimento, a dor, o infortúnio é transversal, mas são cinco, todas elas unidas pelos seus nomes de batismo alusivos a flores e de viverem no mesmo prédio quase devoluto, abandonado pelos seus habitantes aos poucos, e ameaçado de demolição. Somos conduzidos à história individual de vida de cada uma delas, e do que as levou a unirem-se e por ali ficarem naquele prédio, juntas, como se a dor fosse menor juntas, como se tudo aquilo porque passaram num Mundo ainda dominado pelos homens e pelas ideologias arcaicas e desumanas para como sexo feminino fosse menos perturbante e chocante se permanecessem juntas. Sabem, eu acabei este livro em lágrimas. E nem dei conta, foi um crescendo de nó na garganta, de sentido de solidariedade feminina, de enorme empatia, de quase irmandade para com estas “Flores” e todas as “Flores” deste nosso Mundo cheio de desigualdades e com um longo (mas mesmo longo) caminho a percorrer para que exista uma mudança significativa e real. Até lá resta-nos a resiliência e força com que todas as mulheres nascem e esperança! Dei cinco estrelinhas, aconselho a leitura a TODOS, faz falta mais chamadas de atenção para várias da temáticas abordadas neste livro. Estreia de leitura de Ana Paula Mateus, que está de parabéns. Obrigado por este pedacinho de realidade, dura, mas necessária.
A Autora:
Ana Paula Mateus nasceu a 16 de julho de 1964, na Póvoa de Varzim.
Licenciada em Ensino de Português e Francês, possui um Mestrado em Teoria da Literatura – variante de Literaturas Lusófonas – e uma Pós-Graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares.
Em 2009 ganha o 1º Prémio no concurso Dar Voz à Poesia, com o poema Um Punhado de Palavras.
Sete Estórias do Vento Salgado, a sua primeira publicação em prosa, é a obra vencedora do Concurso Literário Fundação Dr. Luís Rainha / Correntes D’Escritas em fevereiro de 2011.
Em 2015 publica O Guardião do Silêncio.
Em 2019, vence, novamente, o Concurso Literário Fundação Dr. Luis Rainha / Correntes D’Escritas, com a obra “Toda a Água que Nos Une”.
Em 2021, ganhou o 2.º prémio no concurso literário “Prémio Hernâni Cidade”.
Em 2022, é a vencedora do 1.º Concurso Literário Álvaro Laborinho Lúcio.
Opinião – O Caminho do Burro – Contos Reunidos – Paulo Moreiras – Visgarolho
Sinopse: O Caminho do Burro é uma antologia dos melhores contos escritos por Paulo Moreiras, entre 1996 e 2017, que andavam dispersos por diversas publicações, algumas hoje esquecidas ou de difícil acesso. Contos onde o picaresco e a malícia do povo português andam de braço dado com as invejas e as cobiças de gente ruim e sem escrúpulos. Uns à procura de uma vida melhor, do amor, da amizade e outros a engendrar estratagemas a fim de estragar os bons planos do vizinho. Um retrato irónico, mordaz e cheio de humor sobre as grandezas e misérias de ser português, com os seus toques de malandro, pinga-amor e desenrascado. Tudo embrulhado pela riqueza vocabular a que Paulo Moreiras já nos habituou. Contos para comer, beber e rir por mais, que assim se dizem as verdades.
Opinião: O que esperar de uma antologia de contos reunidos? Muita diversão e diversidade ora essa. E não falhou. Paulo Moreiras escreveu estes contos entre 1996 e 2017, muitos de difícil acesso e aqui reúnem-se para nosso deleite. Nosso de quem gosta de ler pelo momento proporcionado e entretenimento que nos causa, e estes particularmente pelo vocabulário a que o autor já habituou os seus leitores. São Treze contos cheios de sarcasmos e malícia do povo português(sendo que uma das personagens tem dois contos dedicados) cheios de tantas e tantas verdades tão atuais como antigas e dos quais podemos tirar uma bela duma lição individual e única dependendo da nossa experiência de vida e literária. Se recomendo? Homessa! Claro que sim! Dei umas valentes gargalhadas e estreei-me na literatura deste autor que pretendo continuar a seguir. Recentemente lançou “A Vida Airada de Dom Perdigote” e parece ser bastante promissor! Obrigado à Visgarolho Editora pelo presente de Natal! 4 Estrelinhas!
O Autor: Paulo Moreiras nasceu em 1969, na cidade de Lourenço Marques, Moçambique. Em 1974 veio para Portugal. Começou na banda desenhada, passou pela poesia e acabou no romance. De quando em vez escreve sobre gastronomia. Em Setembro de 2002 publicou o seu primeiro romance, A Demanda de D. Fuas Bragatela, seguindo-se Os Dias de Saturno (2009) e O Ouro dos Corcundas (2011). Também se tem destacado com livros como Pão & Vinho – mil e uma histórias de comer e beber (2014), Elogio da Ginja (2006), ou os opúsculos que publicou sobre a Fava, a Rede de Dormir, a Morcela, a Perdiz, o Tremoço, o Palito, a Cereja e a Ginja entre 2007 e 2011.
Opinião – Dear Child/A Rapariga da Cabana de Romy Hausmann
Sinopse: Uma cabana sem janelas no bosque. Uma corrida desesperada para escapar ao terror e encontrar a segurança.
Quando uma mulher consegue fugir do cativeiro em que a têm mantido, o final da história é apenas o princípio do seu pesadelo.
Diz chamar-se Lena, como a rapariga desaparecida catorze anos antes, e até tem uma cicatriz igual à dela. Porém, o pai de Lena garante que esta mulher não é a sua filha. Com ela, escapou também Hannah – uma menina pequena e frágil –, cujas palavras indiciam que algo muito grave aconteceu numa cabana isolada.
Entretanto, o pai de Lena, devastado com toda a situação, procura juntar as peças deste estranho puzzle, mas elas parecem não encaixar. Por sua vez, a mulher que fugiu só quer poder recomeçar a sua vida, no entanto, algo lhe diz que quem a capturou quer de volta aquilo que lhe pertence…
Com muito suspense e psicologicamente envolvente, A Rapariga da Cabana, de Romy Hausmann, é um thriller perturbador que não deixará ninguém indiferente.
Opinião:
Em primeiro lugar, li este livro em inglês e em formato digital. Vai agora ser lançada a tradução em Português pela Porto Editora a 06-04-2023.
Que livro! Livrão! Que história absolutamente horripilante mas ao mesmo tempo tão mas tão cativante que não se consegue parar de ler. Li durante o fim de semana e só queria chegar ao fim rapidamente de tão curiosa que estava. Não me arrependi. Lena (raptada em jovem adulta, cujos pais nunca a deixaram de procurar) que consegue fugir do seu cativeiro e cujo pai na sinopse identifica logo como não sendo a sua filha apimenta a trama. Hannah, consegue fugir junto com Lena, mas tudo o que parece não é. Quando pensamos que esta jovem mulher vai finalmente ter paz das atrocidades que passou às mãos de um homem que ela nem sequer o nome sabe, é quando surgem os traumas, a densa parte psicológica de um rapto tão severo, tão cruel, tão desprovido de humanidade. Quando tudo a aterroriza e quando é injustamente culpabilizada pela inércia de não poder fazer mais por quem tanto sofreu pelo desaparecimento da filha. Não posso adiantar muito mais sem cometer spoiler tendo em conta a sinopse reduzida, mas consigo ver aqui claramente uma escrita coesa, com principio, meio e fim, metódica e mantém o leitor interessado até ao fim. Dou cinco estrelinhas e dava mais se pudesse. Recomendo a leitura sem qualquer sombra para dúvida, este sim é um thriller psicológico bem escrito!
A Autora: Romy Hausmann nasceu na Alemanha Oriental em 1981. Aos vinte e quatro anos tornou-se editora-chefe numa produtora cinematográfica em Munique. A Rapariga da Cabana, o seu primeiro thriller, esteve no topo das tabelas de vendas alemãs e foi publicado em vinte países. Está atualmente a ser produzida uma série de seis episódios a estrear na Netflix.
Opinião – Presa em Casa – Charlie Gallagher – Alma dos Livros
Sinopse:
O tempo de Grace está a esgotar-se. Estendida no chão da casa de banho, luta por recuperar o fôlego depois de ser pontapeada pelo companheiro. Encolhe-se, com dores nas costas e no tronco, nas zonas onde ele lhe atirou com a porta. Não pode ignorar mais os sinais: se não conseguir escapar dali vai acabar por morrer.
Entretanto, Maddie Ives, detetive numa equipa especializada em proteger mulheres vítimas de maus-tratos, visita Grace depois de uma denúncia anónima. Quando a conhece, recomenda-lhe que mantenha um diário e detalhe tudo o que possa servir como prova em caso de agressão.
Grace procura dizer-lhe o que está a acontecer para que Maddie a ajude. No entanto, não consegue ser totalmente honesta. O companheiro vigia-a constantemente e obriga-a a fingir estar bem quando alguém os visita. Por isso, ninguém entende realmente o seu drama, o terror da situação. Enquanto mantém as aparências, a sua vida está em contagem decrescente.
Ao mesmo tempo, Maddie Ives tem outros assuntos urgentes para resolver: um rapaz morto numa casa de banho, um bombista dentro de um carro à procura de justiça e até o regresso de um antigo colega com cicatrizes profundas do passado. Será ela capaz de lidar com tudo e ainda ajudar Grace a salvar-se?
Opinião: “Presa em Casa” foi a novidade literária traduzida escolhida para ser comprada este mês de Março. Com bastante expetativa tendo em conta o livro anterior, “A Rapariga no Abismo”, demorei mais a ler do que originalmente havia planeado. Mas existe uma razão de ser nessa “demora” maior, tendo em conta que é um Thriller efetivamente bom, é uma continuação nas vidas da inspetora Maddie Ives e respetiva equipa e do recém regressado Harry Blaker, no entanto não é um livro que se leia de ânimo leve tendo em contas as cenas bastante gráficas,cruéis e que causam impacto e choque de violência doméstica. Tive que parar várias vezes a leitura, respirar fundo e só voltar no dia seguinte. Cada pessoa lida de maneira diferente a este tipo de narrativa tão explicita, e quando já se passou por algo similar na vida, ainda custa mais. Com isto quero dizer que efetivamente é um livro que apela às sensações e sentidos, que aborda várias histórias de personagens que de uma forma ou outra se interligam e que são determinantes para termos sem dúvida um livro com qualidade, com continuação assegurada (existindo já 8 livros publicados da série Maddie Ives) e que não cansa. As histórias individuais das personagens principais também foi mais aprofundada e deixa no ar questões relevantes para as continuações já publicadas. Tem um final que nos deixa mais tranquilos e ao mesmo tempo surpreendidos pela forma como foi conduzido e não me desiludiu. Dei 4 estrelinhas, porque gostei, como gostei do primeiro desta série e é um autor que vou continuar a ler sem dúvida. Só não são as cinco estrelinhas devido à extrema violência narrada, que a mim me impediu de ler sem reservas.
O autor Charlie Gallagher, Charlie Gallagher vive com a família na costa sul de Kent, Inglaterra. Durante treze anos integrou as forças de polícia do Reino Unido. Nesse período desempenhou diversas funções, começando como oficial de resposta na linha de frente, depois como membro de uma equipa tática especializada e, mais tarde, como detetive, investigando crimes graves. Decidiu abandonar o emprego para se dedicar por inteiro à escrita. Os seus thrillers são extremamente bem-sucedidos e é um dos escritores em ascensão no Reino Unido. Os seus livros são realistas, com personagens e enredos verosímeis, cheios de mistério e de ação. É por isso, sem surpresa, que está a conquistar a cada dia mais leitores um pouco por todo o mundo.
Podem adquirir o livro nos locais habituais, incluindo a editora Alma dos Livros.
Opinião – Gild – Série A prisioneira Dourada #1 – Raven Kennedy – Grupo Saída de Emergência

Sinopse:
É característico dos homens desvalorizarem as mulheres. Será igualmente a sua ruína.
Sempre nos disseram que esta é a história do rei Midas. Ele é o rei dourado e eu sou a sua favorita – a mulher que, com apenas um toque, ele transformou em ouro. Para mostrar que lhe pertenço. Para mostrar a todos o seu imenso poder. Ele prometeu proteger-me e, em troca, eu prometi-lhe o meu coração.
Mas quando a guerra chega ao reino, é necessário um acordo – e eu estou no centro dessa negociação. Subitamente, a minha confiança é quebrada e o meu amor é desafiado. Percebo finalmente que tudo o que sabia sobre Midas pode estar errado.
Sempre disseram que esta é a história dele. Mas talvez estejam errados… talvez seja a minha história!
Opinião:
O Fenómeno de Gild é sem dúvida um facto adquirido. Agradeço desde já à Editora Saída de Emergência por me ter cedido o exemplar para leitura e por ter tido a coragem de ter apostado nesta série. Mas, confesso que já escrevi e apaguei a minha opinião uma bela quantidade de vezes, porque escrever sobre este livro requer tato, subtileza, inteligência, experiência em review literária e cabeça. Tenho isso tudo e muito mais mas é a primeira vez que me lembro desde 2014 que precisei de ir escrevendo anotações enquanto lia para poder abordar as várias temáticas existentes de forma consciente. Fiquei nervosa com o que podia ou não escrever porque este não é um livro padrão (logo temos alguma responsabilidade como influencers, bloggers etc) e não é definitivamente para toda a gente, e o que eu interpretei com 38 anos e 30 a ler mais a sério todo o tipo de livros (incluindo o meu primeiro erótico às escondidas com 8 anos, onde o vernáculo mais ordinário já constava) não seria com certeza o que interpretaria há 10 anos atrás. Isto porque as experiências de vida também contam e muito para a nossa perceção e interpretação literária e a forma como sentimos a experiência das obras que lemos.
Não vos vou maçar com o que já sabemos da Sinopse, mas vou enumerar então os vários pontos que considerei necessário referenciar.
A Protagonista feminina, Auren, é uma mulher especial (muito especial) aprisionada numa gaiola gigante feita de ouro há 10 anos, que tem no seu corpo embutidas fitas de seda que pendem das suas costas e respondem a si, que a protegem e lhe dão força. Assim que li esta descrição a primeira coisa imediata que me veio à cabeça foi Elfen Lied, uma série de animação Japonesa extremamente violenta com umas criaturas femininas com braços invisíveis que assassinam tudo o que mexe. É um dos meus Animes favoritos e a banda sonora incrível e existem muitas similaridades a vários níveis. Auren é uma das muitas “Selas” vulgo concubinas do rei Midas (sim o Rei que em tudo o que toca transforma em ouro) mas especial, preferida pelo mesmo e com toda uma história passada bastante longa entre os dois. Midas tocou-a e o corpo todo dela (todo mesmo incluindo cabelo, olhos) é dourado e diferente das restantes mulheres presentes naquele bordel monárquico. Por isso mesmo, sofre dum claro Síndrome de Estocolmo, que ela considera amor, e que determina todas as ações dela. É um relacionamento extremamente abusivo e ao longo da narrativa existem cenas de violação, abuso incrível de mulheres e todo o Rei tem uma Rainha certo? Aqui também existe a Rainha, a verdadeira “dona” do Reino de Sino Alto mas que sem poderes mágicos, Midas trazendo prosperidade ao Reino (será?) controla tudo e todos. Existe uma brutal desvalorização da Rainha Malina e da sua importância. Midas é sem dúvida uma personagem que se odeia ou se ama. Ou não se sente nada a não ser indiferença. Eu fiquei-me pela indiferença, tendo em conta todo o desenvolvimento posterior da narrativa e atitudes demonstradas. Existe efetivamente um final surpreende deste primeiro livro (a série conta com cinco) que não dando spoiler mas abrindo um pouco o “jogo” é um evento que muda tudo, um evento que parece tirado do anime Dragon Ball Z e como descobrimos a forma como os Saiyan ganham a motivação para se transformarem em Super Saiyan (neste caso o muito conhecido Son Goku/Kakarot aquando a morte do Kuririn). Auren é a Super Saiyan desta história. Queria escrever mais, mas não quero de forma alguma retirar a experiência de conhecerem as personagens e julgarem por vocês mesmos. Vão surpreender-se.
Pontos MUITO IMPORTANTES a reter:
1 – Extrema violência (física, sexual, psicológica) recorrente contra mulheres.
2 – Vernáculo obsceno que pode ser considerado um turn off para muitos leitores.
3 – Narrativa extremamente bem escrita mas pode causar especial impacto em mulheres vitimas de violência.
4 – Cativante e viciante, começa-se a ler e não se consegue parar, por isso é uma excelente aposta.
Apesar de ter adorado este primeiro livro desta Saga, vou dar apenas três estrelas na classificação porque espero que os próximos sejam mais focados na parte Fantástica e não na parte Sexual e abusiva/violenta contra algumas das personagens (não os li em inglês, portanto estou à escuras para não perder a experiência de leitura). Tem tudo para melhorar nos próximos livros, novamente é uma excelente aposta da Editora Saída de Emergência e da sua Chancela Bang e quem puder e conseguir ler, leia sem qualquer dúvida.
Para mais informações, podem consultar o website da Editora aqui.

Opinião – A Estrela do Amanhecer/Morning Star – #Red Rising 3 – Pierce Brown

Sinopse:
O muito aguardado desfecho da saga Red Rising, um dos maiores bestsellers internacionais.
Arriscando tudo para derrubar a Sociedade, Darrow sobreviveu à rivalidade entre os mais poderosos guerreiros. Alcançou o topo e esperou pacientemente pelo momento de desencadear a revolução que acabará com a hierarquia – e vai fazê-lo atacando-a por dentro. Finalmente, chegou a hora…
Para vencer, Darrow terá de convencer os que estão nas trevas a libertarem-se e reivindicarem um destino que é deles e lhes é negado há muito tempo. Um destino demasiado glorioso para não lutar por ele.
Darrow foi traído pelos seus aliados. Foi abandonado na escuridão. Pode a justiça falar mais alto? Quando a liberdade está ao nosso alcance, a esperança pode ser o nosso pior inimigo…
Opinião:
Bom a Saga Red Rising é possivelmente uma das melhores distopias FC que já li em toda a minha vida. Além da The Power of Five de Anthony Horowitz, nada me suscitou tanta empatia, tanta emoção a ler e tanta conexão com as personagens como o maravilhoso Universo criado pelo autor Pierce Brown. Eu considero um Game of Thrones no Espaço, uma luta entre “casas” neste caso Luas, Planetas, Espaço, e não existem sequer momentos em que possamos dizer que deveria ter sido algo alterado, porque tudo tem contexto, tudo se conecta. Com um índice de violência extremo desde o primeiro volume, este terceiro volume, “A Estrela do Amanhecer” que termina esta primeira Trilogia e Fase do Universo Red Rising é simplesmente de tirar o fôlego e preparem os corações porque quando pensaram que já viram e leram tudo vindo destas personagens, enganem-se. Quando pensamos que o pior já veio, upseee, afinal não, afinal ainda vem aí mais uma cena de selvajaria gratuita com toneladas de humor negro à mistura, protagonizada por norma pelo Darrow o Ceifeiro ou pelo meu crush literário Sevro au Barca aka Ares (O Sevro é possivelmente um dos meus personagens preferidos mais brejeiros de sempre).
O meu amor é de tal forma gigante a esta saga, a estas personagens (que sim é uma saga e o sexto livro da segunda trilogia sai este ano em inglês) que li em português (Pela Editorial Presença) e em inglês, daí a demora na opinião também (digital e físico) para entender ao certo as nomenclaturas corretas dadas a armas e equipamentos, a expressões usadas pelos Dourados que as traduções em Português não me pareceram as mais corretas porque não existe tradução “à letra” para determinados substantivos e adjetivos característicos destes livros.
Se ainda não conhecem, convido-vos a ler as opiniões antigas já escritas aqui para o blog (aqui e aqui)e agora no Bookstagram e aguardo o sexto livro para começar a segunda trilogia, cujos volumes anteriores já os tenho na estante. Queria tanto mas tanto que seguissem em frente com uma série ou filmes (existem vários rumores mas não passam disso, sem confirmações especificas de datas ou se vai mesmo para a frente) e até tenho meu elenco de sonho para cada uma das personagens! Sonhar não custa não é?
Obrigado a quem leu, até breve! Não dou estrelas porque não consigo, não há estrelas que coubessem aqui!
Opinião – Morte no Vale – LJ Ross – Cultura Editora, Grupo Infinito Particular

Sinopse:
O PASSADO NUNCA FICA ENTERRADO MUITO TEMPO…
O inspetor-chefe Ryan acredita que a sua história turbulenta, vivida em A Ilha Sagrada, o primeiro livro desta série, está resolvida e ultrapassada. Porém, nas primeiras horas do solstício de verão, o esqueleto de uma jovem mulher é encontrado dentro da Muralha de Adriano, em Nortúmbria, no Norte da Inglaterra. Há dez anos que o esqueleto ali estava, à espera de ser descoberto, e a tarefa de Ryan é agora juntar as peças e reconstituir o passado daquela mulher.
Os caminhos do inquérito cruzam-se misteriosamente, obrigando Ryan a enfrentar os seus próprios demónios e a entrar num jogo de gato e rato com um assassino que parece imparável.
Morte no Vale é o segundo livro da série do inspetor-chefe Ryan, uma coleção com dezanove títulos e sete milhões de exemplares vendidos.
Opinião : Antes demais, agradecimento à Editora pela oferta deste exemplar. Escolhi este livro por ser o que mais me chamou a atenção dentro do meu espectro de leituras e não podia ter feito melhor escolha. Estreia em absoluto de leituras desta autora e só me arrependo de ainda não ter lido o primeiro, A Ilha Sagrada (que deve ser fantástico tendo em conta a ligação enorme com este).
Fazendo parte de um Série de livros (atualmente dois editados em português pela Cultura Editora e vinte no total) tendo como protagonista o Inspector-Chefe Ryan, e sendo que comecei a ler sem ter visto nada acerca dos livros, fiquei surpreendentemente agradada com esta história em desenvolvimento. Novamente para quem lê ou já leu muitos thrillers, começa a ser difícil ler sem ter “poderes de adivinhação mágicos” do que vai acontecer no final, mas este deixou-me até à última página a dar a volta ao miolo, porque não adivinhei remotamente quem era o culpado de um dos crimes referenciados. Isto porque este livro tem ligação direta ao primeiro (apesar de o podermos ler sem deixar de perceber o contexto) e existe toda uma panóplia de vilões e crimes violentos que podem ser atribuídos a diversas personagens. Ryan é um inspetor duro, eficiente, no entanto amargurado por eventos recentes e muito familiares e julgo que o que embeleza a sua atuação é mesmo a equipa que trabalha com ele que é cativante e interessante do ponto de vista de personagens secundárias. Os crimes são bem apresentados, bem investigados e não existem momentos de aborrecimento na narrativa sendo que está sempre alguma coisa a acontecer ou a se desenvolver. Fiquei mesmo impressionada, foi uma leitura sem qualquer expetativa e anseio continuar a desfrutar desta série que muito tem para dar. Para quem gosta de thrillers, de crimes fora da caixa meio macabros, meio “cenas do oculto” tem aqui uma excelente leitura.
Dei 5 estrelinhas porque gostei mesmo, não conhecia e foi uma surpresa muito muito boa.

Opiniões livros lidos em Fevereiro
Mais uma vez, com bastante atraso, as opiniões em falta do mês de Fevereiro. Espero que seja do vosso agrado 🙂
1 – O Complexo dos Assassinos – Lindsay Cummings – Grupo Saída de Emergência
Sinopse: Um thriller intenso de ação e paixão num cenário futurista onde o número de assassinatos é superior à taxa de natalidade
Meadow Woodson, uma rapariga de 15 anos que foi treinada pelo seu pai para lutar, matar e sobreviver em qualquer situação, reside com a sua família num barco na Florida. O Estado é controlado pelo Complexo Assassino, uma organização que segue e determina a localização de cada cidadão com precisão, provocando o medo e opressão em absoluto.
Mas tudo se complica quando Meadow conhece Zephyr James, que é – embora ele não saiba – um dos assassinos programados do Complexo. Será o seu encontro uma coincidência ou parte de uma apavorante estratégia? E conseguirá Zephyr impedir que Meadow descubra a perigosa verdade sobre a sua família?
Opinião: Uma leitura muito aguardada e que finalmente peguei. E não me arrependi nem um pouco. Sendo fã de distopias e já tendo lindo várias, com diferentes temas, cenários, esta não difere muito do que já li (mistura claramente Hunger Games, com Divergent e diria uma pitada de The Power of Five series) portanto pode efetivamente ser considerado por muitos leitores e legitimamente como banal e mais do mesmo. Não para mim. Gostei mesmo muito da temática associada, mesmo com toda a violência e gostei das personagens. Meadow a protagonista feminina, foi treinada pelo pai a vida inteira para garantir a sua sobrevivência (e da sua família como vamos constatar) num Mundo destruído pela doença e pela morte (e sua extinção) e assassinatos a soldo. Zephyr, o protagonista masculino é (sem o saber) um assassino programado com uma agenda bem definida por terceiros e que vai contra aquilo que ele é. Luta constantemente contra a sua “mente”. Quando ambos se cruzam, o desenvolvimento de toda a história e personagens é rápido, constante e interessante. Está subentendida uma história de amor e coragem. Vários dramas familiares também. Li bastante rapidamente ávida pelo segundo volume e o culminar da história e efetivamente entreteve-me e gostei. No entanto sim, para quem já leu várias obras baseadas em distopias vai claramente reconhecer as “vibes” de outras obras e pode efetivamente facilmente se aborrecer. Existem também alguns termos que não foram exatamente bem traduzidos e a capa também pode iludir um pouco o leitor. Dei quatro estrelinhas porque a mim, soube-me bem ler.
2 – O Código da Morte – Lindsay Cummings – Grupo Saída de Emergência
Sinopse: Uma distopia inteligente, com personagens complexas e muita ação.
Semanas após ser capturada, Meadow Woodson foi feita prisioneira da Iniciativa e está prestes a perder tudo em nome da sobrevivência.
Tentam quebrá-la e forçá-la à submissão, mas a jovem não tenciona desistir e está determinada em não deixar a Iniciativa vencer. Não importam os obstáculos, atribulações e a dor, tudo irá suportar para proteger a sua família, mesmo que implique perder a vida.
Desejoso de obter vingança, Zephyr tem apenas um objetivo em mente: encontrar Lark Woodson, a mãe da rapariga que ama, e a mulher por detrás do segredo do Complexo dos Assassinos. Mas mesmo que consiga resgatar Meadow, ele terá de tomar a escolha de a seguir em direção ao desconhecido e sacrificar tudo aquilo pelo qual lutou, incluindo a sua própria liberdade…
Conseguirão ambos enfrentar a escuridão que os rodeia, derrotar os seus inimigos e, finalmente, encontrar uma luz de redenção e esperança?
Opinião: Confesso que estava com muitas expetativas para a leitura deste segundo livro do “Complexo dos Assassinos”. Com tantas pontas soltas que ficaram do primeiro volume era imperativo que as mesmas se “atassem” e nos fosse explicado afinal quem era na realidade a família de Meadow, as implicações da mesma em toda a trama e em torno da criação de assassinos para controlo populacional. Pois bem, foi efetivamente um desenvolvimento mais lento, mais aborrecido, mais do mesmo, que só penso que escapa mesmo pelos capítulos finais que nos dão alguma emoção e “paz” na leitura. Gostava que tivessem explorado mais a parte psicológica dos protagonistas e evitado alguma da violência gratuita e desnecessária a meu ver. Gostei, mas nem de perto como gostei do primeiro, e penso genuinamente que se poderia ter aproveitado melhor a história. Novamente algumas traduções “menos precisas”, mas nada de muito relevante no final. A este dou três estrelinha, pelos capítulos finais e fiquei um pouco triste de não ser tão emocionante como pensei que seria (tendo em conta o primeiro livro).
3 – Our House (A Nossa Casa) de Louise Candlish -Versão epub internacional
Sinopse: On a bright January morning in the London suburbs, a family moves into the house they’ve just bought in Trinity Avenue.
Nothing strange about that. Except it is your house. And you didn’t sell it.
When Fiona Lawson comes home to find strangers moving into her house, she’s sure there’s been a mistake. She and her estranged husband, Bram, have a modern co-parenting arrangement: bird’s nest custody, where each parent spends a few nights a week with their two sons at the prized family home to maintain stability for their children. But the system built to protect their family ends up putting them in terrible jeopardy. In a domino effect of crimes and misdemeanors, the nest comes tumbling down.
Now Bram has disappeared and so have Fiona’s children. As events spiral well beyond her control, Fiona will discover just how many lies her husband was weaving and how little they truly knew each other. But Bram’s not the only one with things to hide, and some secrets are best kept to oneself, safe as houses.
Opinião em PT : Fiquei super super curiosa com este livro assim que vi que ia sair em português. Por questões orçamentais acabei por ler em inglês ainda mesmo de sair a versão em Português pela Editora Clube do Autor. Não vou estar com paninhos quentes, porque este livro foi a primeira desilusão literária do ano. Já li tanto mas tanto thriller e nunca nenhum me aborreceu de morte como este. Nem o Peregrino de Terry Hayes que grande parte dos leitores achou “chato” e eu adorei, tendo sido ARC reader na altura. Fui vencida pelo cansaço página após página (dizia ao Gustavo todos os dias que ia desistir) com um elenco de personagens sem sal, aborrecido,clichés atrás de clichés e eu nem do final consegui gostar porque a um terço do livro já o tinha “previsto”. O inicio confesso entusiasmou-me (as primeiras 99 páginas creio) e parecia promissor e inovador (bolas quem é que queria estar na pele da Fiona,que parecia que nada sabia e que tudo era uma conspiração para lhe destruir a vida como ela a conhecia), até começar o “engonhar” o não avançar da história (até considero os chamados fillers ou falando bom português “encher chouriços”). Nem o conceito de guarda partilhada dos filhos eu achei assim tão “bom” apesar de dar a mão à palmatória que é algo muito bom para pais que efetivamente o consigam fazer em prol dos seus filhos. Aqui no nosso projeto BibliotecaMil somos apologistas de SEMPRE mas SEMPRE darmos a nossa opinião honesta independente de ser parceria, de ser oferecido, o que seja. Reviews honestas e imparciais são de extrema importância para que exista uma comunidade de leitores informada e que saiba onde investir o seu orçamento literário. Se todos gostássemos de Branco a vida não era o arco-íris que queremos que seja sempre ☺ Dei duas estrelas pela promessa de que ia ser um bom livro, mas infelizmente, para mim, não serviu.
ENG Review: I was super super curious about this book as soon as i saw it was going to be translated in Portuguese. Due to budge reasons, i ended up reading it in English even though the Portuguese version was published by Editora Clube do Autor. I won’t be holding back because this book was the first literary disappointment of the year. I’ve read so many thrillers and none of them has ever bored me to death like this one. Not even I am Pilgrim by Terry Hayes, which most readers found “boring” and I loved it, having been an ARC reader at the time. I was overcome by fatigue page after page (I told Gustavo every day that I was going to give up) with a cast of characters without salt, boring, clichés after clichés and I couldn’t even like the end because a third of the way through the book I had already “predicted” it ”. The beginning, I admit, excited me (the first 99 pages I think) and it seemed promising and innovative (hell who wanted to be in Fiona’s shoes, who seemed to know nothing and that everything was a conspiracy to destroy her life as she knew it ), until the “slow passing” or the non-advance of the story began (I even consider the so-called fillers or, speaking in good Portuguese, “encher chouriços”). I didn’t even find the concept of shared custody of children that “good”, despite giving a shot that is a very good ideia and concept for parents who effectively manage to do it on behalf of their children. Here in our BibliotecaMil project we are ALWAYS apologists ALWAYS give our honest opinion regardless of whether it is a partnership, offer or not. Honest and unbiased reviews are of utmost importance for an informed community of readers who know where to invest their literary budget. If we all liked White, life wouldn’t be the rainbow we want it to always be ☺ I gave it two stars for the promise that it would be a good book, but unfortunately, for me, it didn’t work.
4 – Em Fuga – C.L Taylor – TopSeller
Sinopse: Quando uma estranha pede uma simples boleia a Jo Blackmore, esta concorda, mas rapidamente se arrepende de o ter feito.
Afinal, a mulher sabe o nome de Jo, conhece o seu marido, Max, e tem em seu poder uma luva que pertence a Elise, a filha de 2 anos de Jo.
O que começa por ser uma ténue ameaça de uma desconhecida, rapidamente se transforma num pesadelo, quando a polícia, os serviços sociais e até o próprio marido começam a duvidar das capacidades mentais de Jo.
Ninguém parece acreditar que Elise esteja em perigo, e a mulher estranha começa a apertar o cerco. Nesse momento, Jo sabe que só existe uma forma de manter a filha a salvo…
Opinião: Que livraço! Meu Deus! Peguei nele no inicio de um sábado e terminei ao final do dia. Este é daqueles que não se consegue parar de ler, mesmo que se tenha a roupa toda para passar! É emocionante do principio ao fim, sendo que aborda temáticas tão importantes como dolorosas de saúde mental, de violência doméstica e de determinação para colocar o bem estar infantil em primeiro lugar mesmo que assim não pareça. Entre passado e presente, a narrativa leva-nos a viver a vida de Jo, que se vê traída pelos que mais ama e abençoada por estranhos. Perseguida, vivendo uma vida de mentira, o único desejo da mesma é segurança e bem estar da filha Elise, que com 2 anos se vê arrastada para uma vida de fuga, de si mesma e de quem lhe quer apenas o mal. Não aborrece, não tem momentos “parados” e narrativa conduz-nos para um final lindo, surpreende e de superação e aceitação. Onde o perdão ganha outro nível. Comprei ano passado numa promoção de 50% do Continente apenas pela sinopse e não podia estar mais feliz. Quero ler mais da autora sem dúvida alguma. Dei cinco estrelinhas.
5 – A Vingança Serve-se Quente – M.J. Arlidge – TopSeller
Sinopse: SEIS INCÊNDIOS EM VINTE E QUATRO HORAS,
DOIS MORTOS E VÁRIOS FERIDOS…
Na calada da noite, três violentos incêndios iluminam os céus da cidade. Para a detetive Helen Grace, as chamas anunciam algo mais do que uma coincidência trágica — este cenário infernal de morte e destruição revela uma ameaça nunca antes vivenciada.
No decurso da investigação, descobre-se que aquele que procuram não é apenas um incendiário em busca de emoções fortes — os atos criminosos denunciam um assassino meticuloso e calculista. Alguém que pretende reduzir as suas vítimas a cinzas…
Uma nuvem negra de medo e desconfiança estende-se sobre a cidade, à espera da faísca que provocará a próxima tragédia. Conseguirá Helen descobrir a tempo quem será a próxima vítima?
Opinião: Mais um livro comprado em promoção pela sinopse e uma estreia em leituras deste autor. E que estreia! É o quarto livro da Saga Helen Grace, uma detetive carismática e com uma personalidade suis generis (não vou dar spoiler, MAS é uma avariada da cabeça) e apesar de claramente a leitura dos três anteriores seja muito importante para a construção das personagens como elas são neste livro, eu li sem qualquer problema de interpretação e conhecimento,podendo então ler-se a “solo”. Com um caso sólido de um pirómano à solta, que não se coíbe em assassinar cruelmente quem fica debaixo dos incêndios que ateia, a narrativa leva-nos pela investigação dos casos mas também pelo desenvolvimento das personagens principais desta série. Gostei muito da Charlie, mesmo a Grace tendo sido a personagem com mais foco e foi outro livro que li quase sem paragens, porque o final é surpreendentemente bom e sem pontas soltas no que compete ao assassino pirómano. Quero ler os livros anteriores e posteriores porque fiquei bastante satisfeita com este thriller, com as personagens e com a forma como o autor escreve. Dei quatro estrelinhas com a premissa que ainda não li o melhor do autor.
Espero que gostem, como eu gostei de ler! Até breve e obrigado a quem ainda nos lê, a quem ainda dá valor a opiniões honestas e isentas.
Opinião – Um dia a aldeia acabou – Nuno Franco Pires
Opinião:
Existem livros que nos marcam a alma e os nossos pensamentos mais íntimos. Este livro é isso e muito mais. A rapidez com que li, e já voltei a reler uma segunda vez deixa-nos sem duvidas que é uma obra bonita, cheia de pensamentos e histórias bonitas e acima de tudo uma lição comovente do que ainda se passa um pouco pelo interior do nosso País fora, a contínua desertificação do mesmo. Neste caso estamos nas profundezas do meu querido Alentejo, perto de Elvas e ao longo de décadas vamos acompanhado uma família que se une a outras famílias da terra, gente que luta pela sua terra, pelas suas origens, por manter as tradições e por manter os filhos da terra junto de si, mas infelizmente, a conjuntura sócio económica e política (o pós 25 de Abril de 1974) e a visão menos poética por parte de alguns senhores dos negócios que mantinham a terra próspera e cheia de vida condenam a pequena aldeia de Santa Isabel (o palco destas histórias de vida) a perder os seus e ficam apenas os que não querem sair aconteça o que acontecer. “As aldeias não morrem, pois não?” vamos sendo questionados ao longo dos capítulos.
As ilustrações são simplesmente maravilhosas e apropriadas a cada um dos capítulos, que visitam a vida pessoal de cada um dos nascidos em Santa Isabel e que infelizmente se viram obrigados a partir e a deixar os mais velhos.
Permitam-me que vos diga que todo o livro é um hino a tradições e costumes alentejanos e ao ler senti que estava a ouvir a minha avó e a minha mãe a contar as histórias da juventude delas, o decoro, o namorar com respeito, o madeiro a arder, as típicas refeições incríveis da terra, a infelicidade das gravidezes não evolutivas e como foi tudo ficando mais velho e mais velho e os mais novos foram para as grandes cidades, a minha mãe saiu bem cedo da pequena Vila onde nasceu para tentar ter melhores condições de vida… digamos que é uma obra que a senti como “minha” e dos meus, e que pura e simplesmente me maravilhou. Um enorme obrigado ao Nuno Franco Pires pela amabilidade de me oferecer a obra para ler, não me vou esquecer por mais anos que viva.
Esta obra é uma edição de autor, pelo que aconselho a solicitarem a mesma diretamente ao mesmo. Leiam que vale mesmo a pena, e não digo isto levianamente. Sombras da Raia é maravilhoso mas eu julgo que gostei ainda mais deste “Um dia a Aldeia Acabou”. Este livro merecia sem duvida estar num top dez nacional de ficção Nacional.
O Autor:

Nuno Franco Pires nasceu em 1975, em Elvas, e por lá continua.
Gosta de ser alentejano. Gosta de escrever.
Iniciou a aventura pela blogosfera sendo coautor do espaço Dualidades. Participou em coletâneas com autores portugueses e espanhóis, escreveu artigos de opinião e crónicas para portais locais. Integra o painel de tertulianos da rúbrica “Conversas de barbearia” do blog Três Paixões.
Em 2014 publicou o seu romance de estreia “Searas ao vento”. Em 2020, em plena pandemia, seguiu-se-lhe “Um dia a aldeia acabou”. “Sombras da raia” é o seu terceiro romance.