Monthly Archives: Janeiro 2018

Opinião – Pecados Santos – Nuno Nepomuceno – Cultura Editora

Pecados-Santos

Sinopse:

Nas comunidades judaicas de Londres e Lisboa, ocorre uma série de homicídios, todos eles recriando episódios bíblicos. Atos bárbaros de antissemitismo ou de pura vingança?Um rabino é encontrado morto numa das mais famosas sinagogas de Londres. O corpo, disposto como num quadro renascentista, representa o sacrifício do filho de Abraão, patriarca do povo judeu.O caso parece encerrado quando um jovem professor universitário a lecionar numa das faculdades da cidade é acusado do homicídio. Descendente de portugueses, existem provas irrefutáveis contra si e nada poderá salvá-lo da vida na prisão.Mas é então que ocorrem outros crimes, recriando episódios bíblicos em circunstâncias cada vez mais macabras. E as dúvidas instalam-se.Estarão ou não estes acontecimentos relacionados?
Poderá o docente vir a ser injustamente condenado?Porque insistirá a sua família em pedir ajuda a um antigo professor, ele próprio ainda em conflito com os seus próprios pecados?
As autoridades contratam uma jovem profiler criminal para as ajudar a descobrir a verdade. Mas conseguirá esta mente brilhante ultrapassar o facto de também ela ter sido uma vítima no passado?
Abordando temas fraturantes da sociedade contemporânea como o antissemitismo e o conflito israelo-árabe, e inspirando-se nos Dez Mandamentos e noutros episódios marcantes do Antigo Testamento, Pecados Santos guia-nos através das ruas históricas de Londres, Lisboa e Jerusalém, numa viagem intimista e chocante sobre o que de mais negro e vil tem a condição humana.

Opinião:

Brilhante. Incrível. Um livro para recordarmos por longos anos…

E o Nuno Nepomuceno fê-lo de novo! Estamos perante a sua nova obra e mais uma vez fiquei completamente absorvida pela qualidade da narrativa.
Estamos presentes uma história completamente viciante, sem pausas, mas também perante um trabalho de investigação rigoroso e presencial que nos leva a uma espetacular lição de história e cultura geral. A rica narrativa gira em torno da cultura judaica, transportando-nos para as raízes da humanidade assim como para todo o conflito infelizmente ainda bastante atual entre Israel e a Palestina. E Homicídio.
Múltiplos homicídios recriados a partir de factos bíblicos em países diferentes mas com origens portuguesas fazem com que o protagonista desta trama (e restantes personagens associadas ao mesmo) seja empurrado a exorcizar antigos demónios e a lutar para que uma profecia não se concretize. Curiosos?

Ao longo de toda a investigação conjunta destes homicídios por parte das autoridades portuguesas, Inglesas, de uma jornalista e do antigo professor Afonso Catalão, somos confrontados com revelações chocantes que nos deixam a respiração suspensa e quando pensamos que já sabemos tudo, enganem-se… que o melhor vem no fim. E que fim!

Adorei os pequenos apontamentos que o autor fez entre esta obra e as suas obras anteriores, criando um sentimento de familiaridade e homogeneidade que o caracterizam.

O final deixa-nos claramente a porta aberta para um possível acompanhamento destas personagens em obras futuras do autor, que eu espero sinceramente que venham a ver a luz do dia.

O autor é simplesmente um dos melhores escritores portugueses no panorama atual. Não tenho qualquer problema em afirmar e a desafiar o mesmo a escrever mais porque quando temos um dom assim, não o podemos desperdiçar, mesmo que a estrada que temos que percorrer seja feita de espinhos.
Recomendo vivamente, assim como as anteriores obras.

5stars

Site Oficial de Nuno Nepomuceno
Cultura Editora
Advertisement

Opinião – Os Três de Sarah Lotz – Saida de Emergência

OsTres

Sinopse:

O dia que nunca será esquecido.
O dia em que há quatro acidentes de avião, em simultâneo, em diferentes pontos do globo.
E três crianças sobreviveram.

O mundo vive atordoado com a trágica coincidência. À beira do pânico global, as autoridades são pressionadas a encontrar as causas que motivaram os acidentes. Com terrorismo e desastres ambientais fora da equação, não parece haver uma correlação lógica, tirando o facto de ter havido uma criança sobrevivente em três dos quatro acidentes.
Intituladas Os Três pela imprensa internacional, as crianças exibem distúrbios de comportamento, presumivelmente causados pelo horror que viveram e pela pressão da comunicação social. Esta pressão torna-se ainda mais intrusiva quando um culto religioso liderado por um ministro fanático insiste que as crianças são três dos quatro profetas do Apocalipse. E se, para mal de toda a Humanidade, ele tiver razão?

Opinião:

Já andava há tanto tempo para ler este livro que quando peguei nele suspirei e disse para mim mesma “É Hoje!”. E não me arrependi. Após muito tempo sem me agarrar a livro algum (Excepto os volumes do “Warcraft Chronicles” que já li duas vezes cada), senti que regressei em grande.

Confesso que logo ao iniciar a leitura senti que ia estar perante uma narrativa cheia de surpresas e nível de interesse em escala, mas nada me preparou para aquilo que realmente li.

Com uma forte componente “sobrenatural” aliada a assuntos muito reais como a influência em massa associada a motivos religiosos e políticos, somos arrastados para uma narrativa diferente em forma de pequenas entrevistas aos intervenientes directos e indirectos do tema principal, a sobrevivência de 3 crianças (apenas essas 3 crianças) em 4 acidentes de avião simultâneos em 4 pontos do Globo sem razão aparente.  Tudo gira em torno dessas crianças e do testemunho antes de falecer de uma passageira de um desses aviões… ou assim pensávamos.

Num instante somos empurrados para uma espiral de decadência humana, social, politica e religiosa e para o verdadeiro flagelo que é o mediatismo exagerado, a busca pela verdade que não quer ser descoberta e aquela pitada de sobrenatural que nos deixa presos até ao fim… mas será que obtemos resposta às nossas perguntas? Depende da interpretação. Depende da forma como abraçamos a leitura do livro. Eu tive respostas, mas fiquei com o sentimento que faltou algo, que existe ali um lapso de informação que seria necessário para ficarmos com o sentimento que aquilo que  “sentimos” corresponde ao que a autora teve em mente.

Não posso deixar de recomendar a leitura, é viciante do inicio ao fim, mas sinto que faltou algo…a minha veia de ligação com o sobrenatural espera sempre mais 😉

4star2

 

Mónica Mil-Homens