“Be Conquistadores”
Parafraseando um dos maiores conselhos que os Moonspell receberam do seu grande influenciador, Quorthon, serve de tiro de partida para este artigo de opinião sobre o livro de Ricardo S. Amorim, “Lobos que foram Homens – A História dos Moonspell” publicado pela Saída de Emergência.
Mais que “A História dos Moonspell” este livro serve também como guia pela cena do Underground Nacional na década 80/90 e principalmente serve como fio condutor pela realidade internacional, não é por acaso que os Moonspell são a banda Portuguesa mais internacional, aliás, ainda hoje, são mais reconhecidos e respeitados fora das nossas fronteiras do que neste nosso cantinho à beira mar plantado, apenas porque são “metaleiros”.
Por razões várias, apenas em 1998, após ouvir no programa de rádio Hipertensão na Antena 3 e já tendo eu algumas poupanças, consegui adquirir o álbum Sin/Pecado, um dos primeiros CDs que adquiri na minha vida, já os conhecia de musicas soltas dos álbuns anteriores e para mal dos meus pecados, ainda não consegui juntar mais nenhum dos álbuns à minha coleção, apesar de ter já ouvido vários nos meios digitais.

Mas voltando ao livro, que encontrei por acaso na edição de 2022 da Festa do Livro em Belém, apresenta-se estruturado quase em modo de crónica com um pouco de diário de bordo, onde o narrador vai desvendando detalhes sobre o surgimento dos Moonspell e as várias facetas que tiveram, de uma forma arrebatadora que nos prende à leitura e nos deixa ávidos por querer saber mais, pelo meio ficamos a conhecer melhor cada membro e ex-membro deste ex-Libris da Cultura Nacional, inclusive foram pessoalmente elogiados pelo Nobel da Literatura José Saramago em 2003, pelas agruras que passaram, alguns dos grandes sucessos individuais dos seus membros, recheado com episódios ilustrativos dos processos de gravação e do clima das tournées.
Regressando ao titulo deste artigo, que espelha bem a garra e o espírito destes nossos conterrâneos, que nunca se deixaram abater nem desviar dos seus objetivos, por vezes batalhando a pulso contra os dogmas instituídos, não se deixando cair nas ratoeiras do sucesso fácil, arriscando como qualquer banda rock de renome internacional em experimentações sonoras e temáticas, não se conformando numa qualquer “etiqueta” que lhes quisessem impor, nem se fixando a um estilo globalizante, o seu estilo é “Moonspell” e se for preciso arregaçar as mangas e ir tratar da sua divulgação, acreditem que dariam grandes lições a muito expert em marketing.
Aconselho vivamente a leitura, quer seja ou não apreciador da banda, de uma escrita direta e crua, sem paninhos quentes ou subterfúgios, cada capitulo bem construído e podendo ser lido quase como um artigo isolado, é um livro que agarra mas que pode bem ser lido capitulo a capitulo no final do dia, de realçar os anexos onde se encontram algumas pérolas.
É uma obra que enaltece o trabalho dos Moonspell mas que também faz o leitor vibrar com as pequenas aventuras relatadas, enquanto provoca uma reflexão na trágica posição da Sociedade Portuguesa de que o que se faz lá fora é que é bom e que dentro de portas nada presta, mas tal como o próprio Fernando Ribeiro comenta no livro acerca de quando tocaram para o Nobel da Literatura:
“Mas também há outras definições para o sucesso, e esta é a dos Moonspell, e muitas pessoas não vêm isso porque tudo se esgota na grande voragem do tempo, dos likes e das partilhas, as pessoas não se lembram de nada.”
Chancela: Saida de Emergência
Data 1ª Edição: 02/03/2018
ISBN: 9789897731006
Nº de Páginas: 448
Dimensões: [160×230]mm
Encadernação: Capa Mole
Sinopse
Um retrato essencial para compreender o fenómeno Moonspell.
Com mais de vinte e cinco anos de carreira, os Moonspell são a banda portuguesa mais internacional de sempre, e toda a sua história é agora contada pela primeira vez. Mais do que uma simples biografia de banda, Lobos Que Foram Homens é o dissecar de uma carreira feita de riscos e conquistas, e em que se revelam factos até aqui inteiramente desconhecidos do público.
Com depoimentos de todos os seus actuais e antigos elementos, bem como de diversos colaboradores e membros de outras bandas de referência, esta é uma história contada sem filtros, com todos os ossos à mostra. Acedendo ao círculo íntimo dos Moonspell, o autor explora os seus sucessos e tribulações, mas com o foco direccionado para o lado pessoal e humano das suas relações, que nem sempre foram fáceis, tornando Lobos Que Foram Homens num retrato essencial para compreender o fenómeno Moonspell.
Posted on 25 de Agosto de 2022, in Biografia, Reviews and tagged Saída de emergência. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
Deixe um comentário
Comments 0