Monthly Archives: Novembro 2022

Opinião – Do Outro Lado de Mafalda Santos – Suma de Letras

ISBN: 9789897846021
Editor: Suma de Letras
Ano: 2022
Idioma: Português
Páginas: 272
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789897846021

Sinopse:

E se não existisse apenas uma realidade?

Uma história de amor, um vírus mortal, uma mentira avassaladora. Gabriel e Sara conheceram-se e imediatamente apaixonaram-se. Viveram uma semana de amor até que Sara desapareceu. E com ela a rua dela, o prédio onde vivia, tudo. Gabriel procura-a, desesperado.

Terá sido um sonho? Uma psicose? Estará louco? Todos lhe dizem que sim, mas a verdade é bem mais inacreditável: a realidade onde vive não é a única. Não há um Universo, há multiverso. No mesmo tempo, no mesmo mundo, mas noutra realidade bem mais doentia, está Sara, à espera de Gabriel, que desapareceu.

Opinião:

Quem me conhece sabe o quanto sou viciadíssima em distopias, e quando tomei conhecimento da obra da Mafalda Santos nem pensei duas vezes em ler. Não me desiludi.
Estamos presentes uma narrativa absolutamente maravilhosa, cheia de elementos para mim já bastante familiares, mas ao mesmo tempo com o toque da Mafalda tudo se diferenciou e tornou único. Uma história de amor, que na realidade é uma história do egoísmo humano, da necessidade de afagar egos, da necessidade de apaziguarmos a nossa mágoa causando dor aos outros. Uma história de sobrevivência, em Mundos tão diferentes, mas tão iguais, afinal são ambos habitados por humanos, e bem sabemos que a humanidade falhou, falha e falhará vezes e vezes sem conta no que compete a solidariedade, empatia e falta de discernimento quando o “cerco” aperta. Geralmente em mundos distópicos podemos ter pequenos vislumbres do que será ou poderia ser o Mundo em que vivemos atualmente daqui a uns séculos, mas aqui, com a temática pandémica tao presente, podemos mesmo vislumbrar verdades e realidades mais que adquiridas. Gabriel e Sara representam dois Mundos diferentes, mas iguais, em que a maioria só acha que vê o bem maior quando na realidade esse bem maior está dentro de cada um de nós e das nossas atitudes. E tudo o que efetuamos seja neste Mundo ou nos que a Mafalda criou tem consequências. Terminei o livro obviamente a querer mais, que belíssima escrita, fluida, sem paragens, atrevia-me a dizer que é história para uma brilhante trilogia e que existe abertura para tal. Obrigado pela leitura Mafalda, e quero mais!

A Autora:

Mafalda Santos nasceu em Lisboa em 1982. Filha de mãe professora e pai jornalista, teve desde a infância uma ligação profunda com a palavra escrita, nas suas mais diferentes formas literárias. Com 12 anos, foi pela primeira vez ao teatro, e apaixonou-se. Fez o curso de Interpretação da Escola Profissional de Teatro de Cascais e, posteriormente, licenciou-se em Teatro/Encenação, pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Hoje, a sua atividade profissional estende-se por diversas áreas: guionista de teatro e televisão, atriz, encenadora e professora de Interpretação.

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Opinião – O Diabo de Gonçalo M. Tavares – Bertrand Editora

ISBN: 9789722535717
Ano de edição: 09-2022
Editor: Bertrand Editora
Páginas: 200
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Literatura > Romance

Sinopse:

O Diabo, pela mão de Gonçalo M. Tavares, vem juntar-se ao mundo literário das Mitologias, um universo habitado por personagens que se movem num tempo e espaço indeterminados onde o referencial é aquilo que nos vai sendo contado. Aqui a verdade científica e a sua lógica pouco importam. Dotados dessa ampla liberdade, os leitores deambulam entre narrativas fantásticas que tanto actualizam explicações para um mundo em que vivemos como retratam traços marcantes da natureza humana que o habita.

É um espaço imaginário onde, entre muitos outros, se entrecruzam o diabo, a escola, os corvos e o trator, as palas com todas as suas limitações e virtualidades, o cemitério de aviões e a loucura, os direitos dos homens, o Grande-Armazém, o Povo-Armazenado, os três fios vermelhos, os Doze-Apóstolos, a canalização, os piolhos, o crânio de Olga, os nomes, Paris, os Nómadas, o Comboio e os Meninos, o Homem-que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada, o crescimento de Alexandre (a linha recta). É um mundo de histórias e possibilidades quase infinitas em que um espaço ou uma máquina se podem transformar em personagem, mas é também um universo onde encontramos valores fundamentais, território privilegiado do mito, como o bem e o mal, o medo e a coragem, a tranquilidade e a violência, o desconhecido e o familiar.

Opinião:

Leitura absolutamente fabulosa. Não há, nem tenho necessidade de vos dizer LEIAM POR FAVOR porque o próprio livro parece que já nos leva a isso só de olharmos para o mesmo. É verdade que ajudou bastante ter ido à apresentação da obra e ter ouvido o autor a explicar, a falar sobre o livro, mas li num serão, de rajada sem conseguir largar. Mas afinal quem é O Diabo? Sou eu? São vocês? É a humanidade travestida de maldade? É tudo e é nada é o que aprendemos com esta obra. O Diabo tem a força e é aquilo que a nossa índole quiser que seja. Pertencendo ao grupo literário das Mitologias do autor, encontramos personagens que tudo nos dizem e nada falam, mas agem como se tudo fosse real, mas sem o ser. Confuso? Nada mesmo, basta lerem para entenderem. A maldade está por todo o lado em todos nós e julgo que aqui, nesta obra conseguimos entender bem que tudo o que pensamos, fazemos, atraímos para tudo o que nos rodeia.
Fica aqui o link para a Reportagem/apresentação do livro e leiam por favor, o Gonçalo é um escritor brilhante com uma mente ainda mais brilhante e agora quero ler mais dele (que esta obra foi a minha estreia).

Fica também um dos meus excertos preferidos do livro:

O Autor:

Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários e está a ser traduzido em mais de 50 países.
Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro. Com Aprender a rezar na Era da Técnica recebeu o Prix du Meuilleur Livre Étranger 2010 (França), prémio atribuído antes a Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez, Salman Rushdie, Elias Canetti, entre outros.

Opinião – Os Santos e os Outros – Intimidades de Manuel S. Nunes – Emporium

Sinopse:

A arte não se intimida quando é livre e se desnuda. A literatura erótica também não quando tem por desígnio, mesmo que controverso, despertar ou incendiar a imaginação dos adultos. Os desencontros, a rotina da vida moderna e a sexualidade cinzenta leva a que os personagens de “Os Santos e os Outros” reclamem por transgressões, fantasias e novos caminhos para o seu próprio prazer e satisfação.

Opinião:

Ler de mente aberta. Ler sem pudores ou culpas. Afinal estamos perante uma obra erótica.
Estamos presentes uma obra tão do autor como nossa, do vizinho da frente, da colega tímida de trabalho, do machão do bar ao fim da rua.
É a história de tantos e de muitos. Dos segredos bem guardados, dos tabus, dos dogmas pré criados desde que nascemos. Somos ensinados e empurrados para algo que é contranatura e que nos controla e condiciona. O ser Humano é um ser sexual, cheio das mais diversas fantasias, desejos, luxuria. Mas a maioria não se permite, a maioria segue como pequenos zombies em fila aquilo que lhes foi ensinado, o que “parece bem” e a maioria de nós sabe como isso acaba. Como desgasta e afasta casais, como é motivo (inválido) para infidelidades e destruição de relacionamentos que tinham tudo para dar certo. Relações saudáveis não sobrevivem sem componente sexual.
Nesta obra, e desafio-vos a ler sem dúvida não acredito que não há ninguém que não se identifique com algo, com alguma frase, passagem, ação das personagens. Quantos de nós já pensámos, nem que seja sequer na hipótese que existe mais e que pode ser tudo efetuado sem maldade, sem dolo, sem culpabilização.
Mas sim, existe a culpa e a consciência. E é mesmo isso que nos trava e nos faz também ser racionais quando temos que o ser, de forma a não magoar ninguém e a não levar alguém a fazer algo com a qual não se sente confortável. É imperativo diálogo e constatarão nesta bra o quão importante isso é.
Ambos lemos o livro e não podemos deixar de nos ter identificado com tanta coisa, com um casamento há quase 10 anos, sem filhos. E é bom ler de vez em quando algo diferente, algo que nos puxe pela imaginação e nos apure os sentidos.
Eu li o meu primeiro romance erótico com 11 anos, “Tal Mãe, Tais Filhas” de Pierre-Félix Louÿs, já o voltei a reler várias vezes ao longo da minha vida adulta e as interpretações foram todas diferentes, mas a curiosidade, o fascínio, esse existiu sempre.
O Autor escreve através de pseudónimo, mas queremos parabenizar pela coragem e pela obra em si que ambos gostámos imenso.
Obrigado pelo exemplar, e pela oportunidade de leitura.

Podem adquirir o livro aqui, sendo que é uma edição de autor.

Manuel S. Nunes
Nascido em 1965, o Manuel S. Nunes (pseudónimo) é um tipo normal. Espécime urbano, com raízes rurais, fez de tudo um pouco na vida e atualmente, entre muitas coisas, é professor. Casado e pai de filhos, o que escreve não tem tanto a ver com a sua própria vida, mas com o que tem aprendido ao longo do tempo. Gosta de viajar, gosta de música e não passa um dia ser ler algo de novo. Talvez por causa das suas leituras, muita delas, de autores completamente amadores, escreve com a intenção de colocar o leitor no centro da ação, dentro de cada uma das suas personagens. Com vários livros técnicos publicados, este é o primeiro conto que publica sob pseudónimo.

Frio Suficiente para Nevar de Jessica Au – Grupo Leya Dom Quixote

Sinopse:

Uma jovem mulher organiza umas férias com a mãe no Japão, onde percorrem Tóquio, Osaka e Quioto: caminham pelos canais nas tardes de outono, esquivam-se de chuvas e vendavais, partilham refeições em pequenos cafés e restaurantes e visitam galerias para verem alguma da mais radical arte moderna. Enquanto isso, conversam: sobre tempo, horóscopos, roupas, objetos, família, distância e memória. Mas as incertezas abundam. Quem estará realmente a falar – apenas a filha? A mãe raramente fala, aparenta ser uma presença fantasmagórica que não parece estar de facto ali. E qual será a verdadeira razão desta viagem elíptica, ou mesmo espectral?
Ao mesmo tempo reflexão e elegia, Frio Suficiente para Nevar questiona o facto de todos falarmos sequer uma língua comum, quais as dimensões que podem conter o amor e até que ponto poderemos afirmar conhecer deveras o mundo interior de outrem.
Escolhido entre 1500 candidatos, este romance venceu o Novel Prize, um novo prémio, bienal, patrocinado pelas editoras Fitzcarraldo Editions, New Directions (EUA) e Giramondo (Austrália) e destinado a distinguir um romance escrito em língua inglesa que explore e expanda as possibilidades do género.

Detalhes:

ISBN: 9789722075824
Editora: DOM QUIXOTE
Ano de Edição / Impressão: 2022
Dimensões: 235 x 157 x 9 mm
Páginas: 128

O Autor:

Jessica Au vive em Melbourne, na Austrália. Trabalhou como editora-adjunta da revista trimestral Meanjin e como verificadora de factos para a revista Aeon. O seu romance Frio Suficiente para Nevar (2022) é o vencedor do primeiro Novel Prize e tem direitos vendidos para dezoito línguas.

Parece ser sem dúvida uma obra maravilhosa o que acham?

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