Opinião – As Sombras da Raia – Nuno Franco Pires – Visgarolho

Titulo: Sombras da Raia
Autor: Nuno Franco Pires
Nº Páginas: 326
Editora: Visgarolho
ISBN:978-989-53167-5-5
Sinopse:
1936: No lado espanhol da Raia a guerra rebenta e, em Badajoz, centenas são massacrados. Juan foge com a família para o lado português, refugiando-se no Monte do Loreto, nos arredores de Elvas, onde encontra trabalho, mas também a antipatia de Tomás, o capataz da herdade.Filho bastardo do proprietário, Tomás vai perseguir a família de espanhóis, servindo-se de Severino, o seu homem de confiança, precipitando-os a todos para um desfecho que alterará o rumo das suas vidas.
2018: Um workshop de genealogia traz à luz segredos de família nunca revelados pela avó Soledad. Clara não hesita em querer descobrir a verdade. De Badajoz desloca-se a Elvas à procura de respostas, e conhece Miguel em circunstâncias inusitadas.Professor de história conformado, Miguel está decidido a salvar a histórica fábrica de ameixas doces da família, após o avô ter comunicado a sua intenção de a encerrar.Inês volta à terra natal depois de ver terminado o casamento que lhe parecia perfeito. Após uma longa ausência, o reencontro com a família e um grande amor de adolescência vão levá-la a repensar o seu futuro.Os seus destinos vão cruzar-se, revelando segredos ocultos nas sombras da raia, uma teia de mentiras e enganos guardados por três famílias ao longo de gerações.
Numa trama bem construída, repleta de personagens marcantes, o autor agarra-nos até à última página num crescendo de emoção e suspense.
Opinião:
Quando li a opinião num grupo de leitura sobre este livro, foi quase instantâneo que o teria que ler. Não só por ser de um autor nacional e da Editora Visgarolho, mas também porque as palavras lidas foram sentidas e precisas. Sombras da Raia é no mínimo um murro no estomago, uma autentica lição de vida e de sobrevivência extrema, de amizades para a vida e podridão humana. Com o país de nuestros hermanos a ser fustigado pelo impendioso e ditador General Franco, uma família espanhola humilde e trabalhadora foge para Portugal, para perto da fronteira em busca de conseguir sobreviver a um massacre e dar um futuro às crianças que conceberam. Este é o principio de uma história que vem ter ao presente (2018) com detalhes específicos de genealogia de cada uma das famílias envolvidas e personagens relevantes. Com uma narrativa cativante do inicio ao fim o autor Nuno Franco Pires consegue sem dúvida alguma fazer-nos sentir empatia pelas várias gerações de personagens e a forma como as mesmas ganham um destaque único por cada acção que tomam (uma busca pela verdade é sempre algo com final incógnito) é de se tirar o chapéu e de uma inteligência emocional enorme. Não existe um único sentimento deixado de fora ao longo da narrativa e sendo baseado em factos reais, tornam o cenário também ele real no nosso imaginário e sofrer as dores, sorrir com as alegrias e ficarmos assoberbados pela maldade.
No entanto, e escrevo-vos em 2023 esta opinião, em plena Guerra da Rússia contra a Ucrânia e os ditadores e tiranos além de terem permanecido tornaram-se mais cruéis, mais frios e mais mortais. Como é que (e falando apenas nas atrocidades do General Franco) passados 87 anos não se aprendeu nada? Não se evitou nada?
Aconselho do fundo do coração a lerem este livro, põe em perspetiva a vida dos nossos avós, e a vida dos nossos netos. E dá medo.

O Autor:

Nuno Franco Pires nasceu em 1975, em Elvas, e por lá continua.
Gosta de ser alentejano. Gosta de escrever.
Iniciou a aventura pela blogosfera sendo coautor do espaço Dualidades. Participou em coletâneas com autores portugueses e espanhóis, escreveu artigos de opinião e crónicas para portais locais. Integra o painel de tertulianos da rúbrica “Conversas de barbearia” do blog Três Paixões.
Em 2014 publicou o seu romance de estreia “Searas ao vento”. Em 2020, em plena pandemia, seguiu-se-lhe “Um dia a aldeia acabou”. “Sombras da raia” é o seu terceiro romance.
Posted on 3 de Janeiro de 2023, in Divulgação, Geral, Reviews and tagged nunofrancopires, visgarolho. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
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