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Opinião – Gild – Série A prisioneira Dourada #1 – Raven Kennedy – Grupo Saída de Emergência

Sinopse:
É característico dos homens desvalorizarem as mulheres. Será igualmente a sua ruína.
Sempre nos disseram que esta é a história do rei Midas. Ele é o rei dourado e eu sou a sua favorita – a mulher que, com apenas um toque, ele transformou em ouro. Para mostrar que lhe pertenço. Para mostrar a todos o seu imenso poder. Ele prometeu proteger-me e, em troca, eu prometi-lhe o meu coração.
Mas quando a guerra chega ao reino, é necessário um acordo – e eu estou no centro dessa negociação. Subitamente, a minha confiança é quebrada e o meu amor é desafiado. Percebo finalmente que tudo o que sabia sobre Midas pode estar errado.
Sempre disseram que esta é a história dele. Mas talvez estejam errados… talvez seja a minha história!
Opinião:
O Fenómeno de Gild é sem dúvida um facto adquirido. Agradeço desde já à Editora Saída de Emergência por me ter cedido o exemplar para leitura e por ter tido a coragem de ter apostado nesta série. Mas, confesso que já escrevi e apaguei a minha opinião uma bela quantidade de vezes, porque escrever sobre este livro requer tato, subtileza, inteligência, experiência em review literária e cabeça. Tenho isso tudo e muito mais mas é a primeira vez que me lembro desde 2014 que precisei de ir escrevendo anotações enquanto lia para poder abordar as várias temáticas existentes de forma consciente. Fiquei nervosa com o que podia ou não escrever porque este não é um livro padrão (logo temos alguma responsabilidade como influencers, bloggers etc) e não é definitivamente para toda a gente, e o que eu interpretei com 38 anos e 30 a ler mais a sério todo o tipo de livros (incluindo o meu primeiro erótico às escondidas com 8 anos, onde o vernáculo mais ordinário já constava) não seria com certeza o que interpretaria há 10 anos atrás. Isto porque as experiências de vida também contam e muito para a nossa perceção e interpretação literária e a forma como sentimos a experiência das obras que lemos.
Não vos vou maçar com o que já sabemos da Sinopse, mas vou enumerar então os vários pontos que considerei necessário referenciar.
A Protagonista feminina, Auren, é uma mulher especial (muito especial) aprisionada numa gaiola gigante feita de ouro há 10 anos, que tem no seu corpo embutidas fitas de seda que pendem das suas costas e respondem a si, que a protegem e lhe dão força. Assim que li esta descrição a primeira coisa imediata que me veio à cabeça foi Elfen Lied, uma série de animação Japonesa extremamente violenta com umas criaturas femininas com braços invisíveis que assassinam tudo o que mexe. É um dos meus Animes favoritos e a banda sonora incrível e existem muitas similaridades a vários níveis. Auren é uma das muitas “Selas” vulgo concubinas do rei Midas (sim o Rei que em tudo o que toca transforma em ouro) mas especial, preferida pelo mesmo e com toda uma história passada bastante longa entre os dois. Midas tocou-a e o corpo todo dela (todo mesmo incluindo cabelo, olhos) é dourado e diferente das restantes mulheres presentes naquele bordel monárquico. Por isso mesmo, sofre dum claro Síndrome de Estocolmo, que ela considera amor, e que determina todas as ações dela. É um relacionamento extremamente abusivo e ao longo da narrativa existem cenas de violação, abuso incrível de mulheres e todo o Rei tem uma Rainha certo? Aqui também existe a Rainha, a verdadeira “dona” do Reino de Sino Alto mas que sem poderes mágicos, Midas trazendo prosperidade ao Reino (será?) controla tudo e todos. Existe uma brutal desvalorização da Rainha Malina e da sua importância. Midas é sem dúvida uma personagem que se odeia ou se ama. Ou não se sente nada a não ser indiferença. Eu fiquei-me pela indiferença, tendo em conta todo o desenvolvimento posterior da narrativa e atitudes demonstradas. Existe efetivamente um final surpreende deste primeiro livro (a série conta com cinco) que não dando spoiler mas abrindo um pouco o “jogo” é um evento que muda tudo, um evento que parece tirado do anime Dragon Ball Z e como descobrimos a forma como os Saiyan ganham a motivação para se transformarem em Super Saiyan (neste caso o muito conhecido Son Goku/Kakarot aquando a morte do Kuririn). Auren é a Super Saiyan desta história. Queria escrever mais, mas não quero de forma alguma retirar a experiência de conhecerem as personagens e julgarem por vocês mesmos. Vão surpreender-se.
Pontos MUITO IMPORTANTES a reter:
1 – Extrema violência (física, sexual, psicológica) recorrente contra mulheres.
2 – Vernáculo obsceno que pode ser considerado um turn off para muitos leitores.
3 – Narrativa extremamente bem escrita mas pode causar especial impacto em mulheres vitimas de violência.
4 – Cativante e viciante, começa-se a ler e não se consegue parar, por isso é uma excelente aposta.
Apesar de ter adorado este primeiro livro desta Saga, vou dar apenas três estrelas na classificação porque espero que os próximos sejam mais focados na parte Fantástica e não na parte Sexual e abusiva/violenta contra algumas das personagens (não os li em inglês, portanto estou à escuras para não perder a experiência de leitura). Tem tudo para melhorar nos próximos livros, novamente é uma excelente aposta da Editora Saída de Emergência e da sua Chancela Bang e quem puder e conseguir ler, leia sem qualquer dúvida.
Para mais informações, podem consultar o website da Editora aqui.

Opinião – Um dia a aldeia acabou – Nuno Franco Pires
Opinião:
Existem livros que nos marcam a alma e os nossos pensamentos mais íntimos. Este livro é isso e muito mais. A rapidez com que li, e já voltei a reler uma segunda vez deixa-nos sem duvidas que é uma obra bonita, cheia de pensamentos e histórias bonitas e acima de tudo uma lição comovente do que ainda se passa um pouco pelo interior do nosso País fora, a contínua desertificação do mesmo. Neste caso estamos nas profundezas do meu querido Alentejo, perto de Elvas e ao longo de décadas vamos acompanhado uma família que se une a outras famílias da terra, gente que luta pela sua terra, pelas suas origens, por manter as tradições e por manter os filhos da terra junto de si, mas infelizmente, a conjuntura sócio económica e política (o pós 25 de Abril de 1974) e a visão menos poética por parte de alguns senhores dos negócios que mantinham a terra próspera e cheia de vida condenam a pequena aldeia de Santa Isabel (o palco destas histórias de vida) a perder os seus e ficam apenas os que não querem sair aconteça o que acontecer. “As aldeias não morrem, pois não?” vamos sendo questionados ao longo dos capítulos.
As ilustrações são simplesmente maravilhosas e apropriadas a cada um dos capítulos, que visitam a vida pessoal de cada um dos nascidos em Santa Isabel e que infelizmente se viram obrigados a partir e a deixar os mais velhos.
Permitam-me que vos diga que todo o livro é um hino a tradições e costumes alentejanos e ao ler senti que estava a ouvir a minha avó e a minha mãe a contar as histórias da juventude delas, o decoro, o namorar com respeito, o madeiro a arder, as típicas refeições incríveis da terra, a infelicidade das gravidezes não evolutivas e como foi tudo ficando mais velho e mais velho e os mais novos foram para as grandes cidades, a minha mãe saiu bem cedo da pequena Vila onde nasceu para tentar ter melhores condições de vida… digamos que é uma obra que a senti como “minha” e dos meus, e que pura e simplesmente me maravilhou. Um enorme obrigado ao Nuno Franco Pires pela amabilidade de me oferecer a obra para ler, não me vou esquecer por mais anos que viva.
Esta obra é uma edição de autor, pelo que aconselho a solicitarem a mesma diretamente ao mesmo. Leiam que vale mesmo a pena, e não digo isto levianamente. Sombras da Raia é maravilhoso mas eu julgo que gostei ainda mais deste “Um dia a Aldeia Acabou”. Este livro merecia sem duvida estar num top dez nacional de ficção Nacional.
O Autor:

Nuno Franco Pires nasceu em 1975, em Elvas, e por lá continua.
Gosta de ser alentejano. Gosta de escrever.
Iniciou a aventura pela blogosfera sendo coautor do espaço Dualidades. Participou em coletâneas com autores portugueses e espanhóis, escreveu artigos de opinião e crónicas para portais locais. Integra o painel de tertulianos da rúbrica “Conversas de barbearia” do blog Três Paixões.
Em 2014 publicou o seu romance de estreia “Searas ao vento”. Em 2020, em plena pandemia, seguiu-se-lhe “Um dia a aldeia acabou”. “Sombras da raia” é o seu terceiro romance.
Evento 20 Anos Grupo Saída de Emergência
Hoje foi uma manhã muito muito especial! Tivemos o enorme privilegio de poder assistir ao evento do Vigésimo Aniversário do Grupo Editorial Saída de Emergência no Museu de Lisboa, Palácio Pimenta e foi tudo tão bonito! Sala cheia, caras conhecidas de muitos anos e uma generosidade imensa de todos os envolvidos. Com direito a prendinhas, à apresentação do plano Editorial em primeira mão para 2023 (ainda não fechado segundo Luís Corte Real) a um Brunch delicioso e uma visita guiada e explicativa à Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755, saímos de coração cheio e sem dúvida com a certeza absoluta que daqui a 20 anos ainda cá estarão a fazer felizes todos os leitores, sejam de que faixa etária forem. Este ano também vamos voltar a ter Festival Bang! (YEAHHHH) e a continuação da revista Bang! Assim como o Bangcast!
Obrigado pelo convite, por se manterem connosco ao longo destes 9 anos de Blog (mas são muitos mais de leituras SDE) e estamos cá sempre deste lado! Gratidão!
Deixamos abaixo algumas fotos do evento e das prendinhas! E em breve Giveaway de aniversário do Blog para quem não pôde estar presente 🙂




Plano Editorial 2023






Opinião – Da Morte e Outras Vidas – Olavo Moreira

Editora: Astrolábio Edições
Data de publicação: 2022-02-02
Páginas: 206
ISBN: 978-989-37-2522-1
Género: Ficção
Idioma: PT
Sinopse:
Desfilam nas páginas deste livro, como na vida, personagens e peripécias invulgares que o autor disseca com humor inteligente e ironia, num discurso rico, visual e expressivo.Temas e situações díspares onde as existências conturbadas (e até grotescas) descritas se oferecem ao leitor na caricatura, por vezes desconcertante, das personagens e das suas relações interpessoais.No labirinto das suas vidas e contradições, são gente que escava com as próprias mãos um rumo que justifique a existência e a fruição do tempo que passa inexoravelmente.Aqui encontramos retratos e comportamentos humanos que, embora reconheçamos e sejam familiarmente lusos, ultrapassam estas fronteiras e mergulham na atualidade dos nossos dias, independentemente de latitudes geográficas ou culturais.Este é um olhar crítico que faz, simultaneamente, sorrir e refletir no tecido de que é feito o ser humano, tanto na sua irrepetível individualidade como nos fios que tecem a teia social da Humanidade a que pertencemos todos.
por Margarida Gil Moreira
Opinião:
Após a leitura da outra obra deste grande autor (podem ver a opinião aqui), ler este livro foi como uma nova lufada de ar fresco, mas no mesmo registo. Ou seja, diferente de tudo o que já li, diferente do convencional e por isso mesmo, considero e considerei entretenimento puro e li numa noite. Agradeço novamente desde já a disponibilidade, confiança e cedência do exemplar digital ao autor Olavo Moreira.
Com um leque de personagens suis generis e todas elas com a história mais mirabolante que já leram, encontramos claras referências satíricas a inúmeras “personas” reais e conseguimos descortinar pedaços de história, minha, do autor, da vizinha do lado, da plebe, da realeza, do cão e do gato. A similaridade com a vida de qualquer um de nós põe-nos claramente na linha de pensamento no que o autor idealizou para esta obra e consegue o seu propósito sem esforço algum.

Um dos meus capítulos favoritos, “Aquilo que eu faço” (já reli umas três vezes de tão bom que é) é o colmatar duma genialidade de criatividade, imaginação e realidade a fundirem-se e só vos posso pedir que leiam. Querem passar um bom momento de descontração pura, leiam. Não leiam só este, leiam ambas as obras do autor. São diferentes? São. E por serem tão diferentes do comum é que valem a pena ler e reler e sentir que não é tudo mais do mesmo e que temos autores nacionais cheios de talento e muito pouca valorização. Ler deve ser uma experiência pessoal de enriquecimento e entretenimento e não mais uma regra que temos que seguir, mais um fardo, mais uma obrigação. Ler é sermos livres de nós próprios e do que nos rodeia. Ler salva vidas.

O Autor:
Olavo Moreira nasceu na cidade do Porto, mas foi em Ovar que viveu a infância e adolescência. Em Braga, na Universidade do Minho, concluiu os estudos em Ensino de Português. Profissionalmente, acumula, até à data, 15 anos de carreira docente, disseminados por Escolas Secundárias, Escolas Profissionais, Centros de Formação, Institutos Superiores e Universidades, lecionando disciplinas nos âmbitos da Língua e Literatura Portuguesas e da Comunicação Empresarial. Paralelamente, de forma pontual e assistemática, colabora em jornais locais. É coautor e encenador, em contexto escolar, de peças teatrais. Presentemente, reside em Ovar.
Opinião – A Caixa de Orações – Lisa Wingate – Chá das Cinco (Grupo Saída de Emergência)

Chancela: Chá das Cinco
Data 1ª Edição: 19/01/2023
ISBN: CAIXAPARIS
Nº de Páginas: 320
Dimensões: [160×230]mm
Encadernação: Capa Mole
Sinopse:
Uma jornada espiritual de descoberta e redenção
Quando Iola Poole morre na sua cama, aos 91 anos, deixa para trás uma casa repleta de segredos e de histórias para desvendar. E cabe a Tandi Reese, uma jovem mãe em dificuldades, em fuga de um passado perigoso e complicado, revelar a vida oculta desta mulher.
Embora as duas mulheres nunca se tenham conhecido, Tandi encontrou na casa da idosa um refúgio. No entanto, tudo muda quando descobre várias caixas de orações cuidadosamente decoradas, uma para cada ano, desde a juventude de Iola até aos seus últimos dias.
Escondida nessas caixas está a história de uma vida, escrita em pequenos pedaços aleatórios de papel – as esperanças, desejos, medos e pensamentos de uma mulher complexa que teve uma vida extraordinária, repleta de jornadas de fé e de observações sobre o amor. E a lição final contida na última caixa poderá mudar a vida de Tandi para sempre…
Opinião:
Quando vi que íamos ter mais um livro traduzido da Lisa Wingate fiquei logo com a certeza que era uma aposta ganha. Não me enganei. A escrita melodiosa da autora é única e leva-nos por caminhos difíceis, mas tão bons.
Esta obra é toda ela um hino à superação, à coragem e resiliência e à fé depositada em algo maior que a própria humanidade, sendo que nos cabe como leitores abraçar a narrativa e o desenvolvimento das personagens, enquanto desfrutamos de uma leitura maravilhosa.
Desde a primeira página que nos é impossível não amar a querida e tão lutadora Iola Poole, a idosa que deixa um legado extraordinário e cheio de segredos que necessitam ser contados. Cabe a Tandi, uma jovem mãe a criar dois filhos sozinha enquanto supera e cura uma adição a opiáceos após um acidente, desvendar e mostrar a todos quem era na realidade a jovem que se torna numa mulher extraordinária, Iola Poole e como tudo o que ela fez em vida e deixou escrito nas suas orações dentro de caixas guardadas se repercutiu no futuro de tanta gente.
Abordando aspetos de extrema importância social como a adição a substancias controladas, o controle patriarcal, racismo e superstições/crenças, Lisa Wingate consegue contar-nos ao ínfimo detalhe o que o poder da fé e da oração conseguem e para quem é crente como eu sou, temos apenas que acreditar em nós para mudarmos o nosso destino e contrariar algo que à partida já nos estaria no caminho. Nunca desistir, nunca baixar os braços e acreditar que o poder do amor que temos no coração é suficiente para movimentar montanhas.
Confesso que a meio da leitura tive alguns momentos de reflexão profunda, até porque me identifiquei com Tandi algumas vezes, no que ela permite por parte dos outros, nas suas inseguranças em relação à educação dos filhos, na sua coragem e determinação para mudar o seu percurso, e cheguei mesmo a odiar o facto de ela deixar que alguém que não ela lhe dissesse o que podia ou não fazer…mas logo em seguida, lia uma das orações de Iola e o coração sossegava.
Gostei mesmo mesmo muito deste livro, mexeu comigo, como já havia mexido o “Antes de Sermos Vossos” da mesma autora (e tenho aqui “O Livro dos Amigos Perdidos em lista de espera”) e leiam por favor, é uma leitura fluída com capítulos curtos e sem paragens e vale todo o tempo despendido na mesma.
Obrigado Grupo Saída de Emergência pelo exemplar fornecido e por me proporcionarem esta maravilha de leitura.
A Autora:

Lisa Wingate é uma antiga jornalista, oradora e autora de diversos romances bestsellers. As suas obras ganharam ou foram nomeadas para numerosos prémios, incluindo o Pat Conroy Southern Book Prize, o Oklahoma Book Award , o Carol Award, o Christy Award, o RT Reviewers’ Choice Award e o Goodreads Choice Award. Vive no Texas. Mais informações em lisawingate.com
Opinião – Mafalda Santos – Conta-me, Escuridão – Suma de Letras

Autor(a)Mafalda Santos
Data de publicação Junho de 2021
Páginas 144
Sinopse:
Todos gostamos de histórias. Sejam de encantar, para dormir ou rir.
Mas não se deixe enganar: estes contos não são para dormir, muito menos para rir.
É provável que as personagens criadas por Mafalda Santos roubem o sono e invadam os sonhos em todo o seu explendor. E terror.
Desde trigémeas assassinas, a entidades assustadoras, passando por bruxas malévolas e magia.
Nestas páginas não há sossego, nem esperança, excepto na literatura portuguesa que está viva e de ótima saúde.
Opinião:
Mais uma das minhas prendas de Natal que não desiludiram. Um livro de contos de Terror (e horror), com uma criatividade e imaginação incríveis e que nos fazem devorar página atrás de página tal é a qualidade do que estamos a ler. Óbvio que é para fãs do género, isso sem dúvida, mas eu que nem leio muito terror ou li ao longo da vida (os livros dos “Arrepios” em adolescente acho que não contam) gostei e peguei no livro e só larguei na última página. Temos pequenos contos, todos diferentes e para todos os gostos, uns mais “brutais e satíricos que outros, mas a qualidade com que nos são apresentados e escritos… eu só penso que por muito eu desse a volta ao miolo não tinha este tipo de imaginação!
Outro ponto fortíssimo deste pequeno livro são as ilustrações de David Benasulin. Para cada conto, existe uma ilustração incrível e dão ainda mais valor e entusiasmo ao que estamos a começar a ler.
A Mafalda Santos é uma escritora e mulher brilhante e aqui, mostra o quão capaz e versátil é na sua escrita e em tudo o que faz na sua vida. Parabéns !
A Autora:
Mafalda Santos nasceu em Lisboa em 1982. Filha de mãe professora e pai jornalista, teve desde a infância uma ligação profunda com a palavra escrita, nas suas mais diferentes formas literárias. Com 12 anos, foi pela primeira vez ao teatro, e apaixonou-se. Fez o curso de Interpretação da Escola Profissional de Teatro de Cascais e, posteriormente, licenciou-se em Teatro/Encenação, pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Hoje, a sua atividade profissional estende-se por diversas áreas: guionista de teatro e televisão, atriz, encenadora e professora de Interpretação.
Opinião – Sombras da Raia – Nuno Franco Pires – Visgarolho

Titulo: Sombras da Raia
Autor: Nuno Franco Pires
Nº Páginas: 326
Editora: Visgarolho
ISBN:978-989-53167-5-5
Sinopse:
1936: No lado espanhol da Raia a guerra rebenta e, em Badajoz, centenas são massacrados. Juan foge com a família para o lado português, refugiando-se no Monte do Loreto, nos arredores de Elvas, onde encontra trabalho, mas também a antipatia de Tomás, o capataz da herdade.Filho bastardo do proprietário, Tomás vai perseguir a família de espanhóis, servindo-se de Severino, o seu homem de confiança, precipitando-os a todos para um desfecho que alterará o rumo das suas vidas.
2018: Um workshop de genealogia traz à luz segredos de família nunca revelados pela avó Soledad. Clara não hesita em querer descobrir a verdade. De Badajoz desloca-se a Elvas à procura de respostas, e conhece Miguel em circunstâncias inusitadas.Professor de história conformado, Miguel está decidido a salvar a histórica fábrica de ameixas doces da família, após o avô ter comunicado a sua intenção de a encerrar.Inês volta à terra natal depois de ver terminado o casamento que lhe parecia perfeito. Após uma longa ausência, o reencontro com a família e um grande amor de adolescência vão levá-la a repensar o seu futuro.Os seus destinos vão cruzar-se, revelando segredos ocultos nas sombras da raia, uma teia de mentiras e enganos guardados por três famílias ao longo de gerações.
Numa trama bem construída, repleta de personagens marcantes, o autor agarra-nos até à última página num crescendo de emoção e suspense.
Opinião:
Quando li a opinião num grupo de leitura sobre este livro, foi quase instantâneo que o teria que ler. Não só por ser de um autor nacional e da Editora Visgarolho, mas também porque as palavras lidas foram sentidas e precisas. Sombras da Raia é no mínimo um murro no estomago, uma autentica lição de vida e de sobrevivência extrema, de amizades para a vida e podridão humana. Com o país de nuestros hermanos a ser fustigado pelo impendioso e ditador General Franco, uma família espanhola humilde e trabalhadora foge para Portugal, para perto da fronteira em busca de conseguir sobreviver a um massacre e dar um futuro às crianças que conceberam. Este é o principio de uma história que vem ter ao presente (2018) com detalhes específicos de genealogia de cada uma das famílias envolvidas e personagens relevantes. Com uma narrativa cativante do inicio ao fim o autor Nuno Franco Pires consegue sem dúvida alguma fazer-nos sentir empatia pelas várias gerações de personagens e a forma como as mesmas ganham um destaque único por cada acção que tomam (uma busca pela verdade é sempre algo com final incógnito) é de se tirar o chapéu e de uma inteligência emocional enorme. Não existe um único sentimento deixado de fora ao longo da narrativa e sendo baseado em factos reais, tornam o cenário também ele real no nosso imaginário e sofrer as dores, sorrir com as alegrias e ficarmos assoberbados pela maldade.
No entanto, e escrevo-vos em 2023 esta opinião, em plena Guerra da Rússia contra a Ucrânia e os ditadores e tiranos além de terem permanecido tornaram-se mais cruéis, mais frios e mais mortais. Como é que (e falando apenas nas atrocidades do General Franco) passados 87 anos não se aprendeu nada? Não se evitou nada?
Aconselho do fundo do coração a lerem este livro, põe em perspetiva a vida dos nossos avós, e a vida dos nossos netos. E dá medo.

O Autor:

Nuno Franco Pires nasceu em 1975, em Elvas, e por lá continua.
Gosta de ser alentejano. Gosta de escrever.
Iniciou a aventura pela blogosfera sendo coautor do espaço Dualidades. Participou em coletâneas com autores portugueses e espanhóis, escreveu artigos de opinião e crónicas para portais locais. Integra o painel de tertulianos da rúbrica “Conversas de barbearia” do blog Três Paixões.
Em 2014 publicou o seu romance de estreia “Searas ao vento”. Em 2020, em plena pandemia, seguiu-se-lhe “Um dia a aldeia acabou”. “Sombras da raia” é o seu terceiro romance.
Opinião – Vertigens de Valentina Silva Ferreira – Aurora
Chancela Aurora
ISBN
9789898860187
Edição novembro de 2022
Dimensões 150 x 230 x 25 mm
Encadernação capa mole
Páginas 240
Sinopse:
Em finais dos anos 1970, no Caniço, uma cidade costeira na ilha da Madeira, todos conhecem Ana Clara, a estranha rapariga que não fala e que passa os dias à janela. Quando Anita Fontoura a vê, também ela presa na sua janela de solidão imposta pelo marido, desenvolve-se entre as duas vizinhas uma amizade inesperada.
Décadas mais tarde, de regresso à ilha para enterrar Anita, a sua filha Oti reencontra-se com Ana Clara, sua madrinha, para tentar compreender a história da família, das mulheres Fontoura, da fuga das duas para Lisboa e daquela mãe que foi tão difícil amar.
Este é um romance sobre liberdade e coragem, sobre forjarmos nosso próprio caminho, sobre gritos no silêncio. Duas mulheres enclausuradas que o destino uniu e que, juntas, encontraram uma forma de voar.
Opinião:
“Vertigens” é uma masterpiece. Ponto. Escrito por uma escritora brilhante, inteligente, linda por dentro e por fora. Porque eu não conhecendo a Valentina, é assim que a vejo após ler esta obra. O Funchal com que sempre sonhei ali para eu me poder deleitar. Há muitos anos que não lia algo tão bonito, tão honesto, tão puro, mas ao mesmo tempo tão pormenorizado da realidade de outros tempos, outras épocas, que se cruzam com o que vivemos atualmente. Porque os temas são atuais, retratando a tão importante e necessária liberdade e emancipação feminina, após anos e anos de opressão pelo patriarcado. Fala-se de saúde mental menosprezada por desconhecimento, de sonhos gorados por medo, de saúde física exacerbada, de amor e menos amor (não gosto de usar ódio nas palavras), e de algo que nos flagela em pleno 2022, a violência doméstica predominante praticada a mulheres, que desde o início do ano de 2022, até 30 de setembro, registam-se 21 vítimas , 20 mulheres e 1 criança (dados retirados de https://www.cig.gov.pt/area-portal-da-violencia/portal-violencia-domestica). Esta obra é um HINO e GRITO de liberdade de duas mulheres enclausuradas na vida e pela vida que o destino uniu e que se tornou numa das mais bonitas histórias de amizade pura, com todos os seus enormes defeitos, com toda a sua falta de altruísmo e egoísmo, mas mesmo assim com o maior amor que podia existir entre ambas, a partilha do sonho da felicidade e liberdade física e mental. O Resto leiam por favor. Obrigado por este livro Valentina. Obrigado pelas lágrimas que verti a ler. Quando um livro nos faz chorar é porque é bom. Gostaria muito de um dia poder ter o meu livro autgrafado e conhecer a Valentina 🙂
A Autora:

Valentina Silva Ferreira nasceu no Funchal, perto do Natal de 1988. Técnica Superior na UMAR e formadora na EnConta-me: Oficina de Escrita, Vertigens é o seu quinto romance (Distúrbio; A Morte é uma Serial Killer; Os loucos também dançam; e Origami). Vencedora de prémios literários nacionais e internacionais, com destaque para o primeiro lugar no Prémio Literário Pedro da Fonseca (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2020), e do Concurso Internacional de Contos Nelson Rodrigues (UNESCO – Paris, 2013), é coautora de Estórias com Tempero (com Joana Martins) e em diversas antologias brasileiras e portuguesas. Ativista feminista, LGBTI+ e vegana.
Frio Suficiente para Nevar de Jessica Au – Grupo Leya Dom Quixote
Sinopse:
Uma jovem mulher organiza umas férias com a mãe no Japão, onde percorrem Tóquio, Osaka e Quioto: caminham pelos canais nas tardes de outono, esquivam-se de chuvas e vendavais, partilham refeições em pequenos cafés e restaurantes e visitam galerias para verem alguma da mais radical arte moderna. Enquanto isso, conversam: sobre tempo, horóscopos, roupas, objetos, família, distância e memória. Mas as incertezas abundam. Quem estará realmente a falar – apenas a filha? A mãe raramente fala, aparenta ser uma presença fantasmagórica que não parece estar de facto ali. E qual será a verdadeira razão desta viagem elíptica, ou mesmo espectral?
Ao mesmo tempo reflexão e elegia, Frio Suficiente para Nevar questiona o facto de todos falarmos sequer uma língua comum, quais as dimensões que podem conter o amor e até que ponto poderemos afirmar conhecer deveras o mundo interior de outrem.
Escolhido entre 1500 candidatos, este romance venceu o Novel Prize, um novo prémio, bienal, patrocinado pelas editoras Fitzcarraldo Editions, New Directions (EUA) e Giramondo (Austrália) e destinado a distinguir um romance escrito em língua inglesa que explore e expanda as possibilidades do género.
Detalhes:
ISBN: 9789722075824
Editora: DOM QUIXOTE
Ano de Edição / Impressão: 2022
Dimensões: 235 x 157 x 9 mm
Páginas: 128
O Autor:
Jessica Au vive em Melbourne, na Austrália. Trabalhou como editora-adjunta da revista trimestral Meanjin e como verificadora de factos para a revista Aeon. O seu romance Frio Suficiente para Nevar (2022) é o vencedor do primeiro Novel Prize e tem direitos vendidos para dezoito línguas.
Parece ser sem dúvida uma obra maravilhosa o que acham?