Opiniões Junho 2023 (PT/ENG)

Camila – Manuel António Araújo – Visgarolho Editora

Sinopse:

Uma mulher de 40 anos, que ninguém lhos dava, vive cuidando de pessoas velhas com ou sem Alzheimer. Num incêndio florestal insurge-se com Miguel que acha o incêndio lindo. E assim se conheceram.

Caminharam rua abaixo a discutir o incêndio. Comeram orelha de porco e beberam vinho da cor do sangue na única taberna da aldeia. Não mais se largaram.

Camila preferia enrolar cigarros do que os comprar já enrolados.

Também havia um gato e as loucuras dela por causa do gato. Dizia “meu” e “foda-se” por tudo e por nada. Ambos tinham, contudo, um gosto comum. Gostavam de escritores argentinos. Ela de Alejandra Pizarnik, ele de Jorge Luis Borges. Entre os dois uma história improvável de amor acontece.

Finalmente, havia Ana. Antes de Camila.

Antes de Camila havia um lobo mau que se alimentava da dor que infligia a Ana.

Chegou Camila e o lobo mau foi-se tornando no lobinho das estepes. Porque se transformou?

Um psiquiatra, impiedosamente, explicou-lhe a causa da transformação.

Opinião: Primeiro livro lido no mês de Junho e vai já ter direito a opinião… confesso que demorei algum tempo a pensar o que ia escrever porque Camila está sem qualquer sobra de dúvida no meu topo de leituras do primeiro semestre de 2023. Como não poderia estar se enquanto lia Camila (que dá nome à protagonista) que tem praticamente a mesma idade que eu atualmente, sentia um crescendo de “então mas o autor conhece-me de algum lado e eu não sei? Mas eu é que sou assim, eu é que me comporto assim”. Cheguei inclusive a ler parágrafos ao meu esposo em voz alta e com entoação para ele entender o meu entusiasmo em torno da personagem e da narrativa em si. Foi já de madrugada que o acabei de ler e o coração pequenino e apertado, tristeza profunda de ter acabado algo (o livro) que eu não queria que acabasse. Camila e Miguel, o casal mais improvável do Universo, conhece-se no cenário (também ele) mais improvável, um incêndio florestal e realmente, não sei se analogia ou não, todo este livro é um ”lar a arder”, uma loucura sã, uma metáfora em cima de metáfora, um coração unido a outro. Manuel António Araújo deixa-nos pensar por nós, abre asas ao pensamento critico, e não se fiem na capa fofinha… porque realmente há gato, mas Camila e Miguel são as estrelas desta estória. Quero também mencionar que as personagens são extremamente bem caracterizadas e construidas, vamos conhecendo de forma crescente e a um ritmo que nos permite compreender sem qualquer dificuldade o passado familiar, amoroso e profissional e presente das mesmas e existem menções maravilhosas a locais, hábitos e costumes icónicos da época em que se passa a trama. Camila cuida de idosos para pagar os seus vícios , lê poesia em espanhol da Argentina e tem a jovialidade de uma rapariga de vinte anos, Miguel tenta apagar o que não se consegue apagar, e descobrir-se a si mesmo, sendo que Camila tem a capacidade de o transformar em outra pessoa. Que mais posso dizer para vos fazer comprar e ler este livro? Já mencionei que tem felino incluido? Já mencionei que lemos expressões maravilhosas cheias de vernáculo tipicamente português que nos transportam para outros tempos tão bons? Já mencionei que a Camila e o Miguel são e vão ficar no meu coração como o “ajuntamento” mais improvável e mais acarinhado dos últimos tempos?

Queria poder oferecer este livro a toda a gente. Toda. Como não posso infelizmente, peço-vos que deem uma oportunidade a esta leitura. Não se irão arrepender, como temos vindo a ser habituados com os autores publicados pela Visgarolho. Visgarolho que fez ontem dia quatro de Junho, dois anos de existência e que espero do fundo do coração que permaneçam junto de nós leitores que gostamos mesmo de autores nacionais “fora da caixa” e precisamos tanto de vós.

Agradeço-vos este presente maravilhoso, acreditem que foi uma experiência de leitura incrível e venham mais! Obrigado “meu”!

A Última Mentira – Kimberly Belle – Chá das Cinco/Saída de Emergência

Um livro que me entreteve mas não cativou. Isto porque não gostei da protagonista, não gostei da forma como ela reagiu a tudo o que lhe acontecia como se o Mundo Inteiro fosse culpado (menos o Will) quando na realidade ela é que era uma tolinha que não conhecia o marido. Sabem que eu tenho muita dificuldade em confiar em pessoas no geral e não consigo simpatizar quando constroem personagens em torno de pessoas tão ingénuas que se tornam pouco crédulas. A Iris é uma dessas personagens. A estória em si está boa e agrada-me (sou completamente fã de narrativas e documentários que envolvam desastres de aviões e a investigação posterior) mantém o interesse do leitor apesar de tudo, gosto bastante da postura das restantes personagens que “aturam” Iris nos seus constantes devaneios e a apoiam, mas julgo que podia ter sido melhor tendo em conta o “pano de fundo” que nos é apresentado. Foi estreia com esta autora e julgo que ela escreve bem, apesar deste não me ter ficado na “memória”.

SINOPSE: ATÉ O CASAMENTO PERFEITO TEM O SEU LADO NEGRO…

O casamento de Iris e Will é perfeito: uma mansão num bairro excelente, carreiras apaixonantes e a excitação de tentarem ter o primeiro filho. Mas na manhã em que Will parte para uma viagem de negócios a Orlando, o mundo idílico de Iris desmorona-se. Um avião que se dirigia para Seattle despenhou-se e, de acordo com a companhia aérea, Will é uma das vítimas mortais.

Confusa e arrasada pela dor, Iris pensa que só pode ser um mal-entendido. Mas à medida que o tempo passa e não há sinal de Will, ela aceita relutantemente que ele morreu. Ainda assim, precisa de respostas. Porque é que Will mentiu sobre o destino da viagem? O que ia fazer a Seattle? E que mais mentiras contou? Infelizmente, há perguntas que só devemos fazer quando estamos preparados para as respostas.

O Despertar – Trilogia Legado do Coração de Dragão Livro Um – Nora Roberts – Chá das Cinco/Saída de Emergência

Sinopse: A jornada pelo seu destino começa agora…

Quando era criança, Breen Kelly adorava os universos mágicos que o pai inventava para ela. Quando ele partiu, a jovem teve de enfrentar a realidade, e, uma década depois, tem um emprego que detesta e está cansada da vida que construiu para cumprir o que era esperado. No entanto, a sua existência dá uma reviravolta inesperada quando descobre que o pai não a abandonou e que lhe deixou uma fortuna considerável.

Para desvendar o segredo das suas origens, Breen vai à Irlanda com o seu melhor amigo, Marco. Esta jornada de descoberta abre as portas para um universo povoado por dragões, fadas e novas pessoas para amar. Na terra dos seus ancestrais revive os sonhos que ocultou e relembra a voz de um estranho que ecoa na cabeça. Terá Breen a coragem de abraçar o seu verdadeiro poder e seguir o coração que a guia para um destino poderoso e perigoso?

Opinião : Quando já lemos Nora Roberts há mais de 20 anos é difícil não sermos apaixonados pela escrita dela seja em que registo for. E além de ser uma eximia romancista, também é brilhante a escrever fantasia romântica (quem se lembra da Trilogia do Circulo?) e este livro é tão mas tão bonito! É a introdução de uma Trilogia de Livros baseados num Mundo/Universo paralelo ao nosso, cheio de magia, encanto, criaturas fantásticas, mas onde não reina a paz. Breen é uma sonhadora de Mundos Fantásticos, motivada pelas histórias que o pai lhe contava antes de a deixar. Após uma década a enfrentar a vida adulta e bem real, fustigada pela ausência do pai e o escrutínio da mãe descobre que afinal o pai não a abandonou e ainda lhe deixou uma considerável fortuna, que utiliza para viajar até à Irlanda com o seu melhor amigo Marco em busca de respostas acerca do paradeiro do seu pai, acerca de si mesma e dá por si a encontrar muito mais do que aquilo que procurava. Breen encontra o que pode vir a ser o seu destino, o seu verdadeiro poder e que o amor será a sua forma de ultrapassar todos os obstáculos que lhe são colocadas pelo caminho. Quem gosta de Fantasia, vai gostar deste livro, as personagens são gradualmente introduzidas e devidamente apresentadas, as descrições dos cenários são INCRÍVEIS (sabem quando se sentem mesmo num sítio quando estão a ler?) e não sentimos qualquer aborrecimento ou fastio enquanto exploramos e ansiamos por mais desta estória. Já está disponível também o segundo livro desta trilogia em português, recomendo vivamente a todos os leitores que queiram algo diferente, leve e acima de tudo nos permite sonhar.

Lost You – Haylen Beck – Digital,Kobo

Sinopse: A provocative and unputdownable psychological suspense about two women locked in a desperate fight over a child each believes is rightfully hers

Libby needs a break. Three years ago her husband split, leaving her to raise their infant son Ethan alone as she struggled to launch her writing career. Now for the first time in years, things are looking up. She’s just sold her first novel, and she and Ethan are going on a much-needed vacation. Everything seems to be going their way, so why can’t she stop looking over her shoulder or panicking every time Ethan wanders out of view? Is it because of what happened when Ethan was born? Except Libby’s never told anyone the full story of what happened, and there’s no way anyone could find her and Ethan at a faraway resort . . . right?

But three days into their vacation, Libby’s fears prove justified. In a moment of inattention, Ethan wanders into an elevator before Libby can reach him. When the elevator stops and the doors open, Ethan is gone. Hotel security scours the building and finds no trace of him, but when CCTV footage is found of an adult finding the child wandering alone and leading him away by the hand, the police are called in. The search intensifies, a lost child case turning into a possible abduction. Hours later, a child is seen with a woman stepping through an emergency exit. Libby and the police track the woman down and corner her, but she refuses to release Ethan. Asked who she is, the woman replies:

“I’m his mother.”

What follows is one of the most shocking, twist-y, and provocative works of psychological suspense ever written. A story of stolen identity, of surrogacy gone horribly wrong, and of two women whose insistence that each is the “real” mother puts them at deadly cross-purposes, Lost You is sure to be one of 2019’s most buzzed-about novels.

Opinião PT:Depois de ter lido mês passado o “Desapareceram” do mesmo autor, decidi que queria ler a sua restante obra sob a alçada deste pseudónimo (para mais informações consultar a opinião ao livro “Desapareceram”). Entreteve. Eu acho que este mês tive o dom de escolher livros que apenas entretêm, não são maus mas também não são propriamente “obras primas”. Abordando temas de extrema importância como a infertilidade, como o desejo desesperado de querer ser mãe, com as alternativas extremas que são apresentadas a casais desesperados por ter filhos e todas as consequências que daí advêm, somos conduzidos pelo desespero de uma mãe que sempre quis ser mãe, mas guarda um segredo que a faz “olhar por cima do ombro” a toda a hora. No entanto, definitivamente esta mãe, Libby, não é a vítima neste livro e não se enganem se o desejarem ler. A verdadeira vitima releva-se após uma boa reviravolta na estória e é muito difícil não sentirmos empatia pela mesma. Gostei, mas não me encantei.

Eng Review: After reading “Here and Gone” by the same author last month, I decided that I wanted to read his remaining work under this pseudonym (for more information, read the opinion on the book “Desapareceram/Here and Gone”). It was average. I think this month I had the gift of choosing books that are just entertaining, not bad but not really “masterpieces”. Approaching extremely important topics such as infertility, the desperate desire to become a mother, the extreme alternatives that are presented to couples desperate to have children and all the consequences that ensue, we are driven by the desperation of a mother who always wanted to be mother, but keeps a secret that makes her “look over her shoulder” all the time. However, definitely this mother, Libby, is not the victim in this book and make no mistake if you want to read it. The real victim reveals itself after a good turn in the story and it is very difficult not to feel empathy for. I liked it, but I didn’t love it.

Bando – Livro 1 Trilogia The RavenHood – Kate Steward – Edições Saída de Emergência/Chá das Cinco (Pode conter Minor Spoiler)

Sinopse: Consegues guardar um segredo?

O acordo é simples: com 19 anos, tudo o que Cecelia tem de fazer é sobreviver um ano na pequena cidade de Tripple Falls, viver na mansão do pai – que durante anos esteve ausente da sua vida – e trabalhar na fábrica dele. Em troca, o pai entregar-lhe-á uma pequena fortuna que permitirá à jovem ajudar a mãe solteira.

Contudo, no primeiro dia no seu novo emprego, Cecelia conhece Sean e tudo muda.

Ele apresenta-a ao seu círculo de amigos – que inclui o enigmático Dominic –, um estranho grupo que segue as suas próprias regras e tem em comum a tatuagem de um corvo.

Cecelia sempre acreditou que as histórias de amor exigiam um sacrifício extraordinário. Dividida nos seus sentimentos entre Sean e Dominic, ela torna-se cúmplice dos seus segredos, determinada a aproveitar o último verão de liberdade, independentemente das consequências.

Uma história de amor inesperada, sexy e escaldante, que questiona até aonde estamos dispostos a ir por amor.

Opinião: Uma das opiniões mais “difíceis de escrever” dos últimos tempos. Em primeiro lugar quero ESCLARECER JÁ que as opiniões dadas em BibliotecaMil são sempre PESSOAIS e baseadas na experiência de leitura PESSOAL E ÚNICA dos membros deste projeto, neste caso, será a minha opinião, Mónica Mil. E os parâmetros de avaliação da mesma (tradução, narrativa, construção de personagens, possíveis “gatilhos” entre outros) são sempre os nossos que diferem sempre de pessoa para pessoa. Desta vez vou emitir esta opinião de forma diferente diferenciando pontos fortes/fracos tendo em conta o que quero transmitir. Para quem não sabe e isto também é importante sou uma mulher de 39 anos com bastante experiência de vida e infelizmente esta leitura não foi/é para mim.

Pontos Fortes:

– Gostei do Dominic (apesar de estar a ler só pensar no Dominic Toretto…*roll eyes*) Foi a única personagem que senti que foi efetivamente “desenvolvida” o mínimo dos mínimos para entendermos as atitudes do mesmo. Apesar de ser meio uma besta;

– o Trio amoroso. Adoro um trio. Yeah ☺; Não é uma história de amor (não é amor, desculpem) mas é interessante a interação deles.

Pontos Fracos:

– Personagens sem qualquer tipo de construção e desenvolvimento. A Cecília é enfadonha (Bella Swan is that you?) extremamente necessitada e com uma libido 24/7 que até a mim (a mim!!!!) me fez confusão; O Sean é uma amálgama de coisas que um homem não deve ser, e não atingi bem que posição ocupa ele na narrativa. Se calhar sou eu que preciso de um curso intensivo nestas coisas;

– Estória confusa, relações pessoais abusivas (quase claustrofóbicas) demasiados pormenores e detalhes sexuais que não tinham qualquer necessidade de estarem descritos (está bem, já entendemos que é erótico mas bolas… deixem um pouco para se imaginar não??);

– Li os primeiros capítulos na versão original em Inglês e passou-se mesmo algo (já li em outras opiniões) com a tradução deste volume. Não é habitual e sei que o próximo já estará bem melhor de certeza;

– Cheguei ao final da Narrativa a saber exatamente o mesmo que ao inicio. Nada. Não desisti da leitura porque esperava/ansiava saber mais sobre RavenHood… Mas não. São atiradas umas migalhas, o resto do livro é Cecília.

– Como não gostei da leitura acabei por ir ler mais opiniões também a nível internacional, tendo em conta que é uma trilogia e não vou mesmo continuar a leitura. Desta vez até agradeço as opiniões com spoiler que me pouparam uma leitura a mais que não me iria agradar.

Volto a dizer, não é livro para mim (nem a trilogia em si) mas garantidamente a Mónica com vinte anos iria apreciar mais ou não ser tão “critica”. Não tinha nem um décimo das leituras que tenho hoje nem a experiência de vida. Existem centenas de milhares de opiniões que amam esta trilogia. E eu respeito como espero que respeitem a minha opinião. Dou sempre oportunidades às leituras fora da minha zona de conforto (já descobri autores maravilhosos dessa forma) e infelizmente esta não funcionou comigo. Se calhar já sou mesmo “velha do Restelo”.

Opinião: 13 Contos Fora da Caixa / Fragmentário – A.M Catarino

Sinopse 13 Contos Fora da Caixa – Este é um livro peculiar na minha carreira. Ao longo das suas páginas encontrarão 13 contos e 13 fotografias da minha autoria.

A cada história corresponde uma imagem.

Até aqui nada de novo. Não é primeira vez que apresento um livro com estas características.

Sempre gostei de entrelaçar a fotografia e a escrita. O meu percurso de escritor iniciou-se paralelamente ao caminho trilhado pelo fotógrafo. O meu primeiro livro, “Fragmentário”, consistia precisamente numa recolha de contos, acompanhados de fotografias.

Esta obra assinala uma tripla efeméride: o meu 13º livro, os 13 anos da minha carreira literária (“Fragmentário” foi editado em Abril de 2010) e os meus 50 anos de idade, que se completam neste mês.

Uma derradeira advertência: as fotografias não pretendem ser uma mera ilustração do respetivo conto – foram pensadas para serem uma outra história dentro de cada história, abrindo a sua própria narrativa por entre as palavras, num labiríntico caleidoscópio de imagens.

Resta-me desejar-vos uma boa leitura!

Sinopse Fragmentário – Lançado a 22 de Abril de 2010, na VIII Feira do Livro do Externato Cooperativo da Benedita, “Fragmentário”, o meu livro de estreia, representava sobretudo uma consequência natural do gosto em entrelaçar a fotografia e a escrita.

16 fotografias a preto e branco ilustram 16 contos que nos levam a um imaginário onde o fantástico espreita o leitor por detrás de cada página.

Opinião: Em primeiro lugar quero agradecer mais uma vez ao autor este presente maravilhoso! Numa altura de grande tristeza pela partida precoce da nossa gatinha Papita, foi muito bom poder ler estas duas obras de contos, com a particularidade de serem ilustrados com fotografias originais do autor e eu confesso que sou mesmo muito fã destas leituras leves, cheias de humor e sátira, cheias de verdades confessas e experiência de vida e acima de tudo, o A.M Catarino consegue colocar parte dele, da personalidade, da sua visão de vida em cada um dos seus contos. Não preciso de me alongar nem dissecar cada uma das obras até porque o que eu vos posso dizer é que comprem, leiam, é uma excelente leitura de praia e de férias, prometo uns sorrisos e uns momentos bem passados.

Podem adquirir diretamente com o autor, ou na Amazon.

Gratidão meu querido amigo!

Mónica Mil-Homens

Soberba Tentação (2023) – Andreia Ferreira – Devaneios

Sinopse: Depois de descobrir que o sobrenatural não representa um medo irracional e que as criaturas caminham lado a lado com os humanos, Carla tem de enfrentar as consequências do seu envolvimento com Caael.

Os demónios já deixaram marcas na vida de Ana e de Raquel, e Carla começa a sentir algumas dificuldades em encontrar-se. Entre lacunas na memória, sentimentos e novas preocupações, surge uma existência virada do avesso com a linha da vida mais ténue do que nunca.

Com a ausência de Caael, assomam revelações que levantam um plano ancestral de uma disputa entre iguais. Carla vê-se num tabuleiro de xadrez, como um rei isolado, com a rainha a jogar contra ela.

Opinião: Em Março de 2014, quando li a primeira edição deste livro escrevi o seguinte:

“Soberba Tentação:

Adorei! Bem escrito, cativante do inicio ao fim! As personagens foram melhor exploradas e desenvolvidas, o suspense é uma constante! Aguardo ansiosa pelo volume final!!! Leiam, vale mesmo a pena!

Estou tão desejosa do terceiro!!!!!! 😀 Citando-me aquando os li à querida Andreia Ferreira:

“Gosto muito do Ricardo, da maneira que o caracterizaste… é assim um tipo com quem eu me daria bem..o Caael assusta-me e não avizinho nada de bom proveniente dele…Espero claro que o bem vença!! Gostei mesmo muito, foi só ter tempo para ler que devorei… tens mesmo um grande talento! E tenho a certeza que o 3º quando sair… ui… vai ser um arraso!”

A versão de 2023, bom… passados 9 anos apesar de continuar claramente a gostar mais do Ricardo do que do Caael, já não é propriamente também um tipo com o qual gostasse de andar envolvida… O que posso honestamente dizer é que sem qualquer dúvida esta versão está mais polida, desenvolvida, muito bem escrita e indo de encontro ao que a Andreia idealizou, voltei a ler tudo com uma rapidez considerável e continuo a gostar mais da Raquel e da Ana do que da Carla. Não consigo mesmo ter empatia com a Carla e passados tantos anos continuo sem entender porquê. É uma coisa “minha” e nada tem a ver com a qualidade inquestionável da obra. Continua a ser uma trilogia muito querida no meu coração, espero ansiosamente pela conclusão e se ainda não começaram a ler esta Trilogia não sei pelo que esperam. Apoiem os nossos autores, a qualidade está à frente de todos, falta mesmo ultrapassar preconceitos centenários.

Destroços – Emily Bleeker – Saída de Emergência

Sinopse: Poderão duas pessoas unidas pela tragédia admitir a verdade, mesmo que implique arruinar as suas vidas?

Lillian Linden é uma mentirosa. À superfície, aparenta ser a sobrevivente corajosa de um acidente de avião. Mas tem vindo a mentir à sua família e ao resto do mundo desde que os helicópteros de salvamento a resgataram a si e a Dave, outro sobrevivente, de uma ilha deserta no Pacífico Sul. Desaparecidos durante dois anos, tornaram-se estrelas e recebem as atenções de toda a imprensa. Mas nunca poderão contar a verdadeira história…

O público está fascinado por ambos, mas Lillian e Dave têm de regressar às suas vidas e esposos. Genevieve Randall, uma jornalista experiente e obstinada, suspeita que a história pode ser falsa e está determinada a desvendar a verdade a qualquer custo, mesmo que implique destruir as vidas de Lillian e Dave.

Uma história eletrizante que nos faz questionar a importância da sobrevivência, tanto no meio da natureza selvagem como sob os holofotes da imprensa implacável.

Opinião: Quando lês algo que amaste de um autor(a) é normal que queiras ler mais obras do(a) mesmo(a). E o “Depois de Mim” deixou-me completamente apaixonada pela escrita da Emily Bleeker. Andei quase dois meses para comprar este livro dela, até porque é super baratinho (achei estranho, mas a Editora faz preços fantásticos regularmente) e gostei da sinopse que mais uma vez menciona um desastre de avião. Bom, não ando com sorte nos livros com esta temática (tenho que ver mais Mayday na TV e ler menos…) porque esta estória não me despertou rigorosamente nada. Personagens desinteressantes, a sinopse leva muito ao engano tendo em conta o que vamos realmente ler, achamos efetivamente que “no fim é que é, no fim é que é” e nada. Parece que faltam “pedaços” à narrativa, que está uma estória efetivamente inacabada, mas a falta de imaginação fez-me penar para ler até ao fim. Eu juro que nem de perto nem de longe vos dizia que estava a ler algo da mesma autora. Ainda estou meio incrédula. E desiludida. Se vou ler mais da autora? Vou. Porque mesmo assim, tenho uma ideia extremamente positiva da escrita dela e acho que este foi apenas uma obra menos bem conseguida.

The Familiar Dark – Amy Engel – Digital,Kobo

Sinopse: A spellbinding story of a mother with nothing left to lose who sets out on an all-consuming quest for justice after her daughter is murdered on the town playground.

Sometimes the answers are worse than the questions. Sometimes it’s better not to know.

Set in the poorest part of the Missouri Ozarks, in a small town with big secrets, The Familiar Dark opens with a murder. Eve Taggert, desperate with grief over losing her daughter, takes it upon herself to find out the truth about what happened. Eve is no stranger to the dark side of life, having been raised by a hard-edged mother whose lessons Eve tried not to pass on to her own daughter. But Eve may need her mother’s cruel brand of strength if she’s going to face the reality about her daughter’s death and about her own true nature. Her quest for justice takes her from the seedy underbelly of town to the quiet woods and, most frighteningly, back to her mother’s trailer for a final lesson.

The Familiar Dark is a story about the bonds of family—women doing the best they can for their daughters in dire circumstances—as well as a story about how even the darkest and most terrifying of places can provide the comfort of home.

Opinião PT: Este foi daqueles livros que peguei aleatório para ler no Kobo. Entreteve o suficiente mas não deslumbrou. Cá em Portugal foi editado pela Chancela Suma de Letras com o título “Aquele Sítio Escuro” que a meu ver não tem muito a ver com o título original que dá ênfase à estória peculiar e “escura” familiar presente no livro e que faz sentido (em inglês). Bom, quero já deixar bem claro que se forem sensíveis a morte violenta de crianças devem ter isso em consideração antes de lerem. Não é “horrível” mas incomoda e pode ser considerado “gatilho”. Uma mãe ver-se a braços com o assassinato cruel e sem sentido algum (se é que matar uma criança alguma vez faça sentido) da sua filha é sempre difícil e Eve Taggert não olha a meios para descobrir quem fez isso à sua menina (e à sua amiguinha também assassinada), numa zona pobre do Missouri, recôndita e cheia de “vícios” onde qualquer um é suspeito e ninguém é culpado. Confesso que logo desde cedo na leitura suspeitei quem o tinha feito, tendo em conta o comportamento da personagem em questão, mas acho que ninguém estava à espera do final que nos foi apresentado. Esperava um pouco mais, no entanto fez-me sentido que assim fosse. Uma família disfuncional (na sinopse em português fala disso), duas crianças mortas e perguntas que não querem resposta, porque a resposta não é aquela que queremos que nos seja dada. Gostei mas não adorei mesmo assim recomendo a leitura.

English Review: This was one of those books I picked up randomly to read on my Kobo. Good enough but not amazing. Here in Portugal, it was published by Chancela Suma de Letras with the title “Aquele Sítio Escuro” which, in my opinion, does not have much to do with the original title that emphasizes the peculiar and “dark” familiar story inside this book and which makes sense ( in English). Well, I want to make it very clear that if you are sensitive to the violent death of children, you should take this into account before reading. Reading Discretion is advised. It is not “horrible” but it is uncomfortable and can be considered “trigger”. A mother dealing with the cruel and senseless (if killing a child ever makes sense) murder of her daughter is always difficult, and Eve Taggert will stop at nothing to find out who did this to her little girl (and to her little friend who was also murdered), in a poor area of ​​Missouri, secluded and full of “vices” where everyone is suspect and nobody is guilty. I confess that early on in the reading I suspected who had done it, taking into account the behavior of the character in question, but I don’t think anyone was expecting the ending that was presented to us. I expected a little more, however it made sense to me that it was like that. A dysfunctional family (the synopsis in Portuguese talks about it), two dead children and questions that don’t want an answer, because the answer is not the one we want to be given. I liked it, but I didn’t love it, but I still recommend reading it.

Segundo Passo – Isabel Branca – Astrolábio Edições

Sinopse:

Ela é feminino de Mar.

Nasceu nos anos 70, numa vila do interior de Portugal. Por peripécias do “destino” a favor do seu sonho profissional foi parar à capital, libertando-se de todas as ideias de uma ideologia cerrada de uma vila do interior, marcada por nuances características da época.

D. Luz é o símbolo da mulher do norte, hospitaleira, “boca aberta” e de coração bem grande.

Mar(a) nasceu numa vila pitoresca, vem de uma família humilde e de poucas posses e tem nela a força do mar. Aparentemente de forma silenciosa “rebenta a caixa” e mostra que é Possível.

Opinião: Uma surpresa extremamente positiva em final de mês. Um livro curto, breve, extremamente empático e que nos dá a sensação de superação a cada linha que lemos. Quando conseguimos ler algo que enaltece o quanto nós mulheres somos resilientes, astutas e nunca desistimos é porque estamos perante uma escrita vinda da alma. Mara, personagem principal desta narrativa conta-nos a sua estória e da sua família mais próxima, desde a mais tenra idade e somos transportados para outros tempos, outros pensares, no entanto bem cedo percebemos que Mara não é como as outras “moças” da sua idade e ambiciona mais. Mais do que estava “traçado” para ela, sendo nascida nos anos 70. Quando se vê em Lisboa, por intermédio de uma amiga que a vai ajudar em todo o seu percurso (profissional, amoroso, psicológico) longe da pequena vila onde nasceu e cresceu, percebe rapidamente o quão diferente é o Mundo que a queriam fazer ver e traça o seu destino, e somos aqui surpreendidos com a beleza extraordinária que é conseguir mudar de vida sem que isso nos destrua ou destrua a vida alheia. Que com amor, respeito, educação e valores podemos ser fieis a nós mesmos e almejar a nossa felicidade plena. É tão mas tão bonito este livro. Recomendo muito mas mesmo muito a sua leitura. Obrigado por palavras tão bonitas e encorajadoras.

Searas ao Vento – Nuno Franco Pires – Chiado

Sinopse: Olga é uma septuagenária que ocupa os seus dias entre as lides domésticas e as memórias das histórias de família que, embora passadas, continuam presentes.

Vai dar-nos a conhecer a irmã que enviuvou na flor da idade e se vê forçada a reconstruir o seu caminho; a mais nova vive um amor não correspondido que lhe vai ser fatal; os sobrinhos, órfãos, que requerem os seus cuidados e a levam a tomar uma difícil decisão; a filha que enfrenta tudo e todos por um grande amor; o filho enredado entre dois amores; a filha do meio, inadaptada à rígida moral da época, que apenas quer ser feliz; ou ainda, o irmão mais velho que vai para Angola em busca de melhores condições de vida.

Searas ao vento é uma obra de ficção inspirada em histórias reais que, atravessando o século XX, nos apresentam um Alentejo rural, ao longo de cinco gerações.

Opinião: O “primogénito” do autor é sem dúvida uma obra de apelo ao despertar de emoções e afetos pelas estórias e personagens que nos são apresentadas. Acompanhamos toda uma família (ou famílias como queiram) desde a década de 30 em todas as suas etapas de vida, em todas as suas conquistas e quedas, à evolução dos tempos e costumes locais (com os quais me identifico tal como nas outras duas obras do autor, tenho raízes alentejanas bastante presentes). Ao contrário do que se possa pensar, a escrita do Nuno já neste seu primeiro livro é muito característica e única e não tenho nada a apontar de menos bom, pelo contrário, só existiu lugar a uma evolução crescente nas obras seguintes que são igualmente maravilhosas. Eu sou sempre suspeita nestas opiniões pelo simples facto de que gosto muito de ler sobre pessoas, sobre o que as caracteriza como pessoas e acima de tudo sobre costumes de outros tempos, que me criam imensa nostalgia e carinho e tornam a experiência de leitura única para mim. Recomendo não só a leitura deste, mas também das outras duas obras do autor, “Sombras da Raia” e “Um dia a Aldeia acabou”.

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